quarta-feira, 5 de junho de 2013

LENDA PETROPOLITANA: O COELHO PASCAL

Alemães emigrados no século passado da regiões do Reno e da Mosela para o Novo Mundo, trouxeram para nossa cidade uma série de costumes exóticos que, no entanto, com o tempo se adaptariam perfeitamente à família petropolitana.
A Páscoa – a feliz época da Páscoa – sempre teve carinhosa comemoração em Petrópolis, tanto religiosa, como profana.
Com muita antecedência, desde os velhos tempos de Stroele, Vorster, Fleischer, Jacby, Monken e tanto outros os mestre-escola faziam seus pequenos alunos recordar os cânticos pascais, preparando-os para o dia do “OSTERHASE”.
“OSTERHASE” é segundo a lenda, o famoso coelho que distribui pelas crianças da cidade, na madrugada do dia da ressurreição, lindos ovos coloridos.
Já ao cair da tarde de sábado de Aleluia, começava azáfama dos meninos, preocupados cada qual em fazer num canto do terreno de sua casa, o ninho em que o coelho deveria colocar pela madrugada, os almejados ovos.
Com folhagens e, principalmente, com as flores roxas e amarelas da quaresma chamadas “OSTERBLUMEN” (flores de páscoa) cada pequeno tratava de preparar, o melhor possível, o esconderijo destinado a receber o presente do “Coelho Pascal”.
E mal a criançada ia dormir os pais, mães e irmãos mais velhos se entregavam a tarefa de vasculhar os galinheiros, apanhando os ovos e colorindo-os empregando nesse mister cascas de cebola, anilinas e papéis de cor. Usava-se ainda em muitas casas, gravar nos ovos figuras, iniciais de nomes, etc. por meio de alfinetes molhados no vinagre.
 Domingo de Páscoa, pela madrugada, os desvelos paternos e maternos completavam a cena, colocando os ovos nos ninhos preparados e espalhando ainda outros pelos recantos dos jardins e quintais.
Muito cedo, a criançada acordava e punha-se a procurar os ovos em ruidosa correria, saudando assim, o dia de Páscoa.
E na alegria das crianças estava todo o encanto da doce e suave lenda do “OSTERHASE”!
Com o decorrer do tempo, portem a criança, curiosa por natureza, desvendava o segredo do coelho e era de ver-se, então, a decepção do “abelhudo”. Ficava desde logo, privado do recebimento dos belos ovos coloridos e – suprema tortura – era obrigado, nas comemorações seguintes, a auxiliar os pais nos preparativos.
Havia contudo os sabidos que, mesmo conhecendo o “mistério”, fingiam ignora-lo para continuar a fazer jus às vantagens dos crentes...
A propósito, recitava-se a seguinte quadrinha pitoresca, assim traduzida do alemão:

Sei o que sei e bem sei
Que a galinha é o coelhinho
Mamãe é que pinta os ovos,
Coloca-os papai no ninho...

Durante mais de meio século, o quadro do coelhinho distribuidor de ovos se repetiu no seio da quase totalidade das famílias petropolitanas.
Recorda-se que houve tempo em que um ministro alemão – o conde de Arco Valley, aqui falecido em 1909 – realizava pela Páscoa, na legação imperial, grandes festas infantis. Era escondidas, então no parque, centenas de “OSTENRELER” para serem descobertos pela criançada dos colégios.
 Mais tarde, a tradição do “OSTERHASE”, teve sua consagração no Palácio Rio Negro, quando as esposas de Epitácio Pessoa e de Arthur Bernardes, reunindo na residência de verão presidencial, grupos de crianças pobres da cidade, fizeram a distribuição de ovos de Páscoa pelos canteiros dos jardins, onde foram catados pela meninada.


Palácio Rio Negro

5 comentários:

  1. Respostas
    1. Isso é bem verdade, tenho 58 anos e já na minha época de criança e sendo descendente de alemães(neta), aguardava ansiosamente essa data. Eu fazia o meu ninho com as flores que você citou e ficava um perfume delicioso; os ovos que eu mais gostava eram os de galinha que minha tia pintava. Adorei ler esse texto!

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    3. Vai se fuder, seu viadinho, seus pais te odeiam, essa história foi uma bosta, achei q seria realmente sinistro mas é horrível, sua opinião é idiota

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    4. E pare de usar tênis de velcro, é ridículo

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