Jornal de Cascatinha
Domingo, 30 de novembro de 1930
ANO IV – NUMERO 176
página 2
MACUMBAS
Na dilligencia effectuada em
11 do corrente, pela policia de Petrópolis, à rua Paulino Áfono, foi prezo
Ramiro Ramos, como autor de “macumbas” e com elle trazidos á séde da Região Policial os seguintes objectos:
Uma caveira com um lenço encarnado amarrado,
uma caçarolla de barro, uma panella de barro com pedaços de vela e varios
bilhetes, um vidro de remédio, um punhal que foi encontrado enterrado, um molho
de hervas medicinaes, pó de sapats, etc...
Segundo apuramos na policia a caveira pertence
aos despojos de um parente de distinta família petropolitana.
O sapo encontrado com a bocca cosida, no
Cemitério Municipal, foi obra dessa macumba.
Um bilhete dizia assim:
“Pai José, mando-lhe falar que o homem veio do
Rio e tomou 2 banhos, um no dia que veiu e outro hontem. Está insupportável de
se aturas e está tomando o remédio como o sr. Mandou e peço que o sr. me diga
eu vou fazer doente.
João Borba”
Um cartão de visitas de Frederico Mesquita,
Cartographo 1º Distrito Artilharia da Costa – lia-se isso:
“Vou jantar no Falcone e volto”.
Diziam os autores da dilligencia policial que
nos fundos da casa havia um Bode enterrado.
Quem teria feito? – Ninguém sabe. A verdade
porém é que foi encontrado na subida para o Morro da Bôa Vista, na Estrada da
Saudade, uma vela acesa ao lado de um frango assado, as 10hs da noite de
quinta-feira. Arthur Viera e Arthur Pazeto ao passar por ali aquella hora da
noite, viram esse “despacho”, tendo o primeiro dado um pontapé no tal trabalho,
que se pressume tivesse sido feito naquelle momento.
Policia, onde estaes que não respondes?...
Jornal de Cascatinha
Domingo, 2 de agosto de 1931
ANO IV – NUMERO 211
página 2
AS MACUMBAS
RECEBEMOS:
“Ilmo. Snr. Redator do Jornal de Cascatinha.”
Saudações.
Leitor assíduo de vosso jornal, peço-vos por
isso auxiliar-me na extirpação de mais uma nova calamidade que está assolando a
nossa linda Petrópolis, e principalmente Cascatinha.
Trata-se aqui dos “charlatões” de baixo e
falso esperitismos ou seja: a “macumba” com todos os seus horrores praticada
impunemente e com prejuízo e não pequeno para a sociedade. Sendo eu um operário
da fabrica de tecido e chefe de família, sinto –me na obrigação de recorrer a
vós para que seja repremida tão degradante, quanto atrazada pratica.
Pessôas com pouca experiência, aliás como
venho observando, deixam-se levar por outras já inciadas em tão errada
doutrina, arrastando assim famílias inteiras que sujeitam a batuques e dansar
durante toda noite, com acompanhamento de cantos bizarros e sem nexo – enfim,
passam-se coisas inacreditáveis em tais casas.
Segundo o tal chefe, para desenvolver um
médium, agarram uma moça (ingênua, vá se dizendo!) pelos braços e sacodem-na
até roxear-lhes os braços e isto é para desenvolver... e outras babuzeiras
mais.
Logares da Macumba:
Picada da Saudade, Beco no Aterro Alto,
Samambaia, Quarteirão Suisso em Petrópolis.
A direcção cem deste ultimo bairro citado –
uns mulatos que bancam o “Pai de Santo”.
Peço vos auxiliar-me e bem assim à moral da
família operaria de Cascatinha.
Vosso assíduo leitor, F.K.Y”
Tribuna de Petrópolis
Quarta-feira, 20 de maio de 1931
ANO XXIX Nº 116
1ª página
A POLICIA VAREJOU UMA “MACUMBA”
Hontem, entre as 21 e 22 horas, a policia
varejou uma “macumba” na Provisória, que se achava em plena sessão.
Não podendo escapar, a turma toda, em numero
de 22 pessoas, foi embarcada num autocaminhão, transformada em “viúva alegre” e
conduzida á delegacia.
Pouco tempo ali, estiveram, mandando-os embora
o sr. subdelegado. É que os macumbeiros apresentaram documentos que lhes
permitiram o funcionamento!!!
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