A grande moda da corte, em
meados do século XIX, era construir casa de veraneio em Petrópolis.
Já começavam a aparecer,
espalhadas pelos pontos pitorescos “as moradas de casas elegantes com jardins
em que as flores da Europa fraternizam com as do Brasil” como nos fala Carlos
Augusto Taunay em seu livro “Viagem Pitoresca a Petrópolis”.
José Carlos Mayrink da Silva
Ferrão, não fugiu a regra. Tendo adquirido em 1850 de José Alexandre Alves
Pereira Ribeiro Cisne, os prazos n˚.
127
128 e 129 do Quarteirão Vila Imperial, neles iniciou imediatamente a construção
de sua casa de verão.
O belo terreno, situado bem
em frente ao portão principal do Palácio Imperial, chegava até então a rua da
Imperatriz, mas quando foi comprado a parte da frente já tinha sido reservada
para construção de uma praça pública, atual praça da Águia.
Home bom, mas enérgico em
demasia. Mayrink usou da mão de obra escrava, passando exigir o máximo de seus
escravos através dos feitores. Queria, dizia ele, um edifício que pela solidez
da construção resistisse a destruição do tempo, e que pela austeridade das
linhas arquitetônicas, identificasse a bela época que Petrópolis vivia.
E foi assim que tivemos “palacete sito atrás
de um square armado, no centro de uma urna sobre pedestal, donde brota água”,
muito mencionado pelos visitantes.
Ficara realmente muito
bonito o solar plantado na graciosa elevação de terreno em meio à cerrada
vegetação da mata. A praça recém aberta à frente dava-lhe ainda maior realce.
Era um prédio que honrava a
vizinhança com o Palácio Imperial.
Entre os trabalhadores
escravos empregados na construção havia um que era rançoso e vingativo,
instigado, e quem sabe? Maltratado pelos feitores. Carregou pedra e madeira a
valer e não houve piso e parede do solar que não tivesse recebido o suor do seu
corpo robusto. Esse trabalho estava, porém, acima das forças do escravo,
acabando por ficar doente e revoltado.
É verdade que, depois de
pronto o prédio, o negro se alegrou com a beleza da obra, mas por pouco tempo,
já que o ódio tomara conto do seu coração. E antes de morrer lançou uma
maldição:
- Dia virá em que toda a
beleza desse prédio será destruída pela mão do próprio homem!
Muitos anos se passaram sem
que a maldição se realizasse.
Em 1879, morre José Carlo
Mayrink da Silva Ferrão, assim o prédio passou pertencer à viúva Emilia
Bernardes Mayrink, a qual em 1891, o vendeu a Francisco Paulo de Almeida, barão
de Guaraciaba.
O barão foi um digno
continuador das mais belas tradições do solar. Mas por pouco tempo, já que em
1894 era compelido a transferir a posse do imóvel à Câmara Municipal de
Petrópolis.
Em 1891, quase que a
maldição é comprida com a quase instalação de mercado público em frente ao
prédio, autorizada pela Intendência Municipal, mas o ato nefasto de instalar um
mercado ali, não se consumou, mais tarde se descobriu que foi um ato da Intendência
de força a venda do prédio., para o Município.
Adquirindo o edifício, o Município
tratou logo de fazer algumas mudanças no prédio transformando-o assim em Paço
Municipal. E então o que se viu foi um desses milagres o casarão de Mayrink e
de Guaraciaba ser transformado em um belo palácio, sua fachada foi realçada
pela belíssima paisagem verde nos fundos conservada, passando assim a ser um
dos cartões postais de Petrópolis.
A maldição parecia ter fim assim.
Porém anos mas tarde aquela
paisagem que era uns dos cartões postais da cidade, como o Corcovado é para o
Rio de Janeiro, não seria mais. Bem em frente a praça, a ponte de madeira foi substituído
por uma de concreto, no lago que realçava a fachada do palácio, foi colocado um
chafariz prejudicando assim a visão, aos fundos foi construído o prédio do
Liceu Municipal com traços modernos, ao lado foi construído um horrível prédio
em estilo moderno, para abrigar o a Biblioteca Municipal, mas acabou também
abrigando a Fundação de Cultura e Turismo, o entorno do Praça Municipal foi
transformado em estacionamento rotativo e o gramado hoje em dia é usado por
jovens para se drogarem
E foi assim que a profecia
do escravo se cumpriu... a beleza do prédio foi destruída pela mão do homem!
Jardim em frente ao prédio
Ponte de madeira
O Palácio Amarelo hoje
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