O presente artigo, é uma homenagem ao saudoso jornalista ÁLVARO ZANATTA, que pesquisou por anos a fio a história e as lendas das rua de Petrópolis, porém veio a falecer antes de publicar a sua obra "História e Lendas das Ruas de Petrópolis", um livro muito interessante e curioso sobre as ruas da nossa querida cidade de Pedro.
Esse histórico abaixo fala sobre a origem, os estabelecimentos comerciais e curiosidades da tão famosa Rua do Imperador, mais conhecida por todos os petropolitanos como, "Avenida".
Vale a pena a leitura é um texto longo, porém riquíssimo em detalhes.
REMINISCÊNCIAS
Esse histórico abaixo fala sobre a origem, os estabelecimentos comerciais e curiosidades da tão famosa Rua do Imperador, mais conhecida por todos os petropolitanos como, "Avenida".
Vale a pena a leitura é um texto longo, porém riquíssimo em detalhes.
Teve como denominações
anteriores: do Imperador e Avenida XV de Novembro. Através da Lei nº 4.001, de
09 de outubro de 1979, foi restaurada a antiga denominação de Rua do Imperador
e tem início as duas pistas, na Praça da Inconfidência e termina, o lado par, na
confluência das ruas Dr. Nélson de Sá Earp e Prof. Pinto Ferreira e, o lado
impar, no início da Rua Washington Luiz.
Rua do Imperador,
centro comercial da cidade desde a fundação da Imperial Colônia de Petrópolis,
em 1845. Duas pistas que margeiam os córregos, ditos rios, no dizer da terra, o
Quitandinha e o Córrego Seco, depois Palatino ou Palatinato, que se encontram
ao centro do logradouro, no local chamado “Bacia”. Na Rua do Imperador era onde
se instalavam, primeiramente, os colonos chegados ao correr do segundo semestre
de 1845. Alojavam-se nos chamados “Quartéis da Colônia”, barracões de madeira,
cobertos de zinco erguidos no trecho entre as então ruas Dna. Januária (Gen.
Osório) e de Dna. Francisca (Mal. Deodoro) onde temos, hoje, o prédio do Fórum,
quase fronteiros ao futuro Hotel de Bragança (entre os atuais números: 888 e
970 incluindo a Rua Alencar Lima) erguido três anos depois, em 1848.
A abertura da rua
iniciou-se pela Renânia (Washington Luiz) de ambos os lados até a “Bacia” pelo
lado par, prosseguindo, esta lado, após o rio até à Praça do Córrego Seco
(Inconfidência) e o lado ímpar até a altura da Rua do Mordomo (Paulo Barbosa),
o trecho desde aí até a Praça do Córrego Seco apenas foi construído na década
de 1850. Antes da construção da Estação da Estrada de Ferro Príncipe do
Grão-Pará, 1883, o eixo da Rua era o Hotel de Bragança, as diligências da serra
vinham pela Rua Thereza e a pequena estação dos Carros da Serra que se situava
próxima à esquina da de Dona Francisca com a do Imperador.
A partir de 1850
começa, com mais vigor, a construção de vivendas e sobrados com lojas
comerciais no térreo, cujos proprietários eram portugueses, em sua maioria, e
alguns poucos de outras nacionalidades, como alemães. A elite política e
financeira Imperial construía suas vivendas nas ruas convergentes à Rua do
Imperador.
Em 1857 já havia um
considerável comércio pela rua. A numeração dos prédios iniciava-se, ao
contrário de hoje, pela Renânia: a inversão só veio a ocorrer no princípio do
século XX. Portanto, a partir do Caminho da Renânia, assim era em 1857/1858 a
Rua do Imperador:
O piso era de terra e os primeiros
passeios, calçadas, foram mandados construir em 1857, a partir do Hotel de
Bragança, de um lado e, dos Quartéis da Colônia, do outro. Bem no início da
rua, o lado par de então, mandara o imperador construir uma serraria, depois
terrenos vazios até quase a Rua de Dna. Januária, onde, na esquina, erguia-se
um sobrado em cujo térreo estabelecia-se Pedro Jessel, com negócio de
relojoaria e abridor (sic), sobre a loja, a residência e o escritório do Dr. A.
J. C. Lima, advogado e corretor de imóveis, o qual vendia terrenos na
Westphalia e no Quarteirão Brasileiro (teriam sido estes terrenos abandonados
pelos primeiros colonos?). A seguir, do mesmo lado, passava-se pelos Quartéis
da Colônia, os escritórios de administração da colônia, os Correios, o hospital
de indigentes e, já na esquina de Rua Dna. Francisca, o Quartel de Polícia, na
verdade tudo um grande barracão meio alvenaria meio madeira, coberto de zinco.
Nas dependências dos ditos Quartéis da Colônia realizavam-se à época os cultos
evangélicos luteranos, aos domingos pela manhã.
Passada a Rua de Dna.
Francisca, desde o nº 22 ao 26 estabelecia-se a Fábrica de Charutos Estrela, de
Marinho & Oliveira, de onde fugira o escravo “Felizardo”, de 15 anos, isto
justo em 24 de abril de 1858, segundo publicado em “O Parahiba”. A seguir, no
nº 34, a residência do Sr. José Antônio da Rocha e, no 36, morava o Sr.
Domingos Francisco Batista, o qual, em março de 1857 alugava um escravo de 18
anos, de onde fugiu, em 7 de agosto de 1858, uma escrava de 40 anos.
Já quase em frente à
“Bacia” encontrava-se o Hotel de João Meyer, com o nº 38, ali funcionou desde
1850 até 1866, sendo que em 1865 foi vendido ao Sr. Eduardo Bartel. Vizinho, no
nº 40, vendia-se fogos de artifício; no nº 42 havia uma chapelaria e papelaria,
no 44 localizava-se a “Sociedade Fé e Esperança”, que em 1857 era presidida
pelo Sr. Justino Peixoto. No nº 52 erguia-se o Colégio Drumond, de curta
duração, a casa era considerada mal-assombrada o que, certamente, contribuiu
para que não prosperasse. Seu diretor era o professor Felisberto Alexandre
Drumond.
Havia no nº 56 grande
sobrado, com casa de família no primeiro andar, onde em O Parahyba”, em 1857
havia classificado solicitando uma cozinheira, de preferência “alemã” e, nas
lojas do térreo: 56-A, a livraria e papelaria “Ao Livro Verde”, de Ollive &
Irmãos, que também eram corretores de imóveis. No 56-B havia a Sapataria e
Sapateiro cujo proprietário era o Sr. Abreu Carneiro.
No sobrado de nº 58
estava o “Clube do Comércio”, que nada mais era do que um mercado de escravos,
pois os comprava, vendia e alugava; no térreo, o relojoeiro e ourives João
Siebler. O nº 68 era um galpão, onde estava a oficina de marcenaria do Sr.
Phellipe Huntin. Já na esquina da Rua do Mordomo (Paulo Barbosa) encontrava-se
o armarinho do cidadão português Frâncico José de Castro, o popular “Chico da
Esquina”.
Passada a Rua do
Mordomo havia uma grande área ainda desocupada, pois este trecho da rua fora
recém-aberto, porém aí o Sr. Friederich Sieber mandara construir, em 1857, sua
residência e montou uma oficina de gravador de cristais, que veio a se tornar
muito afamada na Corte e que perdurou até 1892.
Este lado par da Rua do
Imperador, desde a Rua de Dna. Januária até a do Mordomo, mandara a Diretoria
da Colônia, em 1857, colocar uma camada de areia grossa, com o intuito de
diminuir a lama, durante o período chuvoso.
O lado ímpar, em
1857/1858, em seu começo, na esquina com Rua de Bourbon (Dr. Nélson de Sá
Earp), um sobrado tinha em seu térreo a confeitaria do francês, Sr. Daguenet,
ao lado, no nº 23, emprestava-se dinheiro por penhor de ouro, prata ou
brilhantes e também escravos eram comprados e vendidos; por sinal, em O
“Parahyba” de 13 de maio de 1857 anunciava-se a venda de um “moleque” de 18 ou
20 anos, ótimo pedreiro.
Continuando pelo ímpar
da Rua do Imperador, encontramos após um terreno baldio o “Theatro Progresso
Petropolitano”, mais tarde remodelado e tranformado no “Theatro Cassino
Fluminense”. A seguir tínhamos o grande prédio assobradado do Hotel de
Bragança, erguido em 1848 e que funcionou até 1933. Em seu térreo havia lojas,
como uma oficina de correeiro e seleiro e uma loja de tecidos de propriedade do
Sr. Jerônimo Fernandes.
Passado o hotel havia o
escritório e residência do corretor de imóveis Sr. Francisco Tavares Bastos,
era o nº 31. A seguir, no 33, a cocheira de Baltar & Land, onde se vendiam
cavalos. No nº 35 residia outro corretor de imóveis, o Sr. Bernardino de Araújo
Costa; no sobrado do nº 41 residia o Sr. Eduardo Bartel, aquele que comprou, em 1865, o Hotel de João Meyer e, no
térreo estabelecia-se a “Confeitaria Alemã”. A seguir, o Café e Restaurante de
Bernardini de Araújo Costa, o mesmo que residia no nº 35.
No nº 53 estava a
Relojoaria Rittimayer, fundada em 1850 por Heindrich Rittimayer, a qual
funcionou em mãos de seus descendentes até 1983, 133 anos, a maior longevidade
comercial petropolitana, em um mesmo endereço, até hoje.
No 53 estava o depósito
de charutos de José Pedro de Morais & Cia.; e, por fim, junto ao matagal da
então Praça do Imperador (D. Pedro II, hoje) o prédio térreo onde funcionava
desde 1845 o Bazar de Flaenschen e Shaeffer, secos e molhados, tecidos, etc.
Do outro lado da
“Bacia”, pois a Rua do Imperador sofria solução de continuidade, não havia
ponte ligando os dois lados, os terrenos da Quinta Imperial dali se estendiam
até onde temos hoje o prédio dos Correios e Telégrafos. Vizinho à Quinta
Imperial havia o Hotel Suíço, o primeiro da colônia, funcionou de 1846 até
1883, pertencente ao cidadão franco-suíço Sr. Choffaile; após, uma área vazia
até a Praça do Córrego Seco (Inconfidência), com exceção de uma casa ao meio do
caminho já então no morro, a residência do guarda-livros (algo como um contador
de hoje) Sr. José Mariano do Amaral e, bem próximo à praça, a olaria do Sr.
Thomaz Holden, súdito britânico. Em seguida um alagadiço (brejo) que estava
sendo aterrado em 1858.
Este lado era calçado a
macadame, desde o Hotel de Bragança até a “Bacia”, seguindo, do outro lado, até
a praça em terra batida. A ponte metálica ligando as duas partes, deste lado,
só foi construída em 1905.
Ainda em 1857, os
Chorões, as Araucárias, Jacarandás, Ficus e Gonçalo-Alves plantados há quase
dez anos (1851) ainda estavam baixos, não faziam sombra, as margens dos rios
eram tratadas com o capim sempre aparado, onde os moradores punham suas roupas
a secar, até que uma resolução da Câmara Municipal em 1878, o proibisse. Havia
apenas três pontes, cruzando os rios na Rua do Imperador, sobre o rio
Quitandinha: uma em frente à Rua de Bourbon (Dr. Nélson de Sá Earp) e outra em
frente à Rua de Dna. Francisca (Mal. Deodoro) e sobre o rio Palatino apenas
uma, próxima à Praça do Córrego Seco (Inconfidência).
Os esgotos dos prédios,
lojas e residências corriam para os rios a céu aberto ou estagnando aos fundos
dos sobrados. Somente em 1875 a Câmara Municipal obrigaria os moradores a
canalizarem as “imundícies” para os rios, sob a rua. Todas as residências
possuíam escravos domésticos, cozinheiras, pajens etc., embora os mais
abastados preferissem empregar as filhas jovens dos colonos alemães nestas
funções, mas, mesmo assim, havia um bom número de negros escravos pela Rua do
Imperador por esta época, porém tudo indica que o número de escravos tenha se
estabilizado e, proporcionalmente, diminuído, desde então até ao final do
Império.
Eram comuns os
transbordamentos dos rios, durante o verão; em 1858 isso aconteceu duas vezes,
a 22 de janeiro e a 3 de março causando prejuízo aos comerciantes e trazendo
lama para a Rua do Imperador, aliás, o convívio com a lama no verão e a poeira
no inverno, desde sempre a isso foram obrigados moradores e comerciantes.
Roubos e furtos eram raros, embora a 2 de janeiro de 1858 tenha havido o furto
de relógio em um quarto do Hotel de Bragança.
Coincidentemente, a 29
de junho de 1858, quando faziam treze anos da chegada dos primeiros colonos a
Petrópolis, passam pela Rua do Imperador 182 colonos alemães com destino à
Colônia de D. Pedro II, em Juiz de Fora, cantando e agitando bandeiras e galhos
de árvores, alguns em carroças e outros a pé. O mesmo se deu a 28 de julho do
mesmo ano, com 160 alemães que vieram contratados pela Companhia União e
Indústria. O jornal “O Parahiba”, de 26 de agosto diz: “... não saber se por
acaso ou de propósito, todas as vezes que passam por aqui, colonos importados
(sic) pela União e Indústria, um grupo deles dispensa a condução de carroças,
seguem a pé, entoando canções patrióticas. Com certeza os primeiros orientais
“chineses”, ditos assim genericamente à época, a passarem por Petrópolis, foi
um grupo de quinze ou vinte, vindos da corte com destino a São José do Rio
Preto a 12 de outubro de 1858. O ébrio mais conhecido da Rua do Imperador pelos
anos finais da década de 1850 chamava-se Herr Dangler, colono que acabou
expulso da colônia, pouco depois.
O calçamento a
paralelepípedo da Rua do Imperador tem início no século XX. No princípio do
século ainda convivia-se com lama e poeira. Embora deliberado pela Câmara
Municipal em 1905, neste ano também se inaugura a ponte metálica que liga,
finalmente, os lados pares da Avenida XV, com grande festa e manifestações
populares de regozijo. O calçamento a paralelos só se deu em 1917, primeiro o
lado ímpar e levou oito meses para ser concluído totalmente. O ponto de carros
e tílbures, em frente ao Hotel de Bragança, teve o estacionamento calçado em
1901, se não foi o primeiro trecho, um dos primeiros. Pouco antes, em 1893, o
Quartel de Bragança ou Quartéis da Província, como passaram a ser chamados,
após a elevação da Colônia à condição de cidade em 1859, foram demolidos e
deram lugar ao prédio do Fórum, inaugurado em 1894, que abrigaria, além da
Justiça, a Delegacia de Polícia, a Cadeia Pública e o Quartel de Bombeiros. Os
primeiros até 1947, os Correios até 1926 e os Bombeiros até 1967.
A mudança da numeração
da rua, então já Avenida XV de Novembro, se deu em 1905, por proposta dos
engenheiros Henrique Silusse Lussac e Henrique Gonçalves Pêssego, passando a
ser feita por metragem que, aprovada pela Câmara Municipal é adotada por toda a
cidade, seguindo tendência mundial, iniciada na França e que começou a ser
adotada na maioria das capitais brasileiras, pela mesma época.
14 de abril de 1911
marca um dos muitos acontecimentos violentos da Av. XV de Novembro/Rua do
Imperador. Um tiroteio à altura da esquina com Rua Paulo Barbosa, entre os
irmãos Garcia, operários da fábrica de camisas Nossa Senhora do Rosário, no
Morin (Quarteirão Palatinato Superior) e o contramestre da mesma fábrica Sr. João
Belchior Sobrinho, sendo este atingido de raspão na cabeça. Respondendo à
agressão, feriu um dos irmãos; o próprio delegado de Polícia, Dr. Edmundo de
Lacerda, que era médico, cuidou dos feridos e depois os prendeu.
As primeiras décadas do
século XX foi a época dos “dândis” ou almofadinhas, bons, alguns nem tanto, de
discursos, freqüentavam os cafés, diários e continuamente observando a passagem
de senhoras e senhoritas “coquetes”. Muito conhecido, desde muito tempo e que
passou à história nas páginas de colunas sociais da época foi o Sr. Sebastião
Benevuto de Carvalho (ver dados biográficos no Título II, Cap. XXII, Quarteirão
Wesphalia, Rua Sebastião de Carvalho). Época também de grande efervescência
política, republicanos, positivistas, anarco-socialistas e saudosistas
imperiais se enfrentam, chegando muitas vezes às vias de fato, nos cafés da Av.
XV. Os italianos de Cascatinha, socialistas na maioria e outros anarquistas,
aumentavam a pressão. O trem dos italianos em greve era o terror dos comerciantes
da avenida e davam muito trabalho à polícia.
O tempo esquenta na
avenida XV de Novembro em 1917, com a entrada do Brasil na 1ª Guerra Mundial.
Há grandes manifestações populares contrárias aos alemães que, até há pouco
eram apoiados por boa parte da população da cidade. A ira dos manifestantes se
concentra no Hotel Max Mayer, cujo proprietário, alemão patriota, tem seu
estabelecimento saqueado e é covardemente agredido. Max Mayer havia se
estabelecido, com hotel, em frente à Estação Ferroviária em 1880 e o hotel
ainda funcionou até 1930, pelas mãos de sua viúva.
Os postes, os mesmos
que suportavam os antigos lampiões, de ferro pintados de preto, desde 1896 são
suporte para a iluminação elétrica, com lâmpadas incandescentes, de luz
amarelada, pouco mais clareiam que os antigos lampiões. Esta iluminação faz das
suas nestes conturbados tempos: em 24 de abril de 1917, à noite, claro, João
Lourenço, proprietário de armazém de secos e molhados ao nº 315, vizinho ao
Café Vista Alegre, atira em um gambá, pensando ser um larápio. Atinge uma
mulher que dormia no sobrado do café, sem maior gravidade.
Ébrios de plantão havia
alguns, sendo o mais famoso o alemão “Wurtz”, que se dizia marinheiro da Armada
alemã, aprontava quando embriagado, o que era freqüente. Várias vezes preso,
era solto ao curar a bebedeira, desapareceu, como desaparecem as borboletas e
os elefantes, sem que se perceba como. O “Hotel do Pato”, no nº 131, onde hoje
está o prédio de uma padaria, pertencia ao cidadão espanhol Sr. Ramon
Lavaquiale, desde 1892 facilitava a vida dos boêmios e dos amantes. Seu
restaurante no térreo foi o primeiro a não ter hora de fechar.
Os “bonds” elétricos,
inaugurados em 1912, mais precisamente a 2 de setembro, tornaram-se popular
meio de transporte e todos convergiam para a “Avenida”. Ainda havia carrocinhas
de leite puxadas por cabritos, que todas as manhãs chegavam dos Quarteirões. O
senhor A. Freitas, no nº 202, em 1917, anunciava na “Tribuna” que emprestava
dinheiro para inventários e comprava direitos hereditários.
O eixo da Avenida XV de
Novembro, desde 1883, com a inauguração da Estação de trens, passou da frente
do Hotel de Bragança e da Rua de Dona Januária (Rua Marechal Deodoro) para as
imediações da Estação Ferroviária e Rua do Mordomo (Rua Paulo Barbosa). Construíram-se
novos hotéis, como o Max Mayer, o Hotel Central, na esquina com Rua Dr.
Porciúncula e o Modern Hotel, pouco antes da esquina da Rua Paulo Barbosa. O
Hotel Bragança se tornava obsoleto e perdia clientela, até encerrar suas
atividades em 1924. A construção da ponte metálica ligando os dois lados (1906)
e a posterior inauguração da Estrada Rio-Petrópolis (1926), desloca,
definitivamete o eixo comercial da avenida (Rua do Imperador) para a região da
“Bacia” (Praça Dom Pedro II).
Em 1926, 75 anos após
Reymarus ter executado sua planta da Imperial Colônia de Petrópolis, já
haviam passado as ressacas da proclamação da República e da 1ª Guerra Mundial.
A então Avenida XV de Novembro se reconciliava com o passado Imperial e com os
alemães. Presidentes da República por ela passeavam, durante as estadias de
verão e, como eles a elite republicana. O comércio da rua se fortalecia, embora
apenas uma casa comercial houvesse sobrevivido desde 1857, “A Tradicional”
joalheria de Henrique Rittimayer.
Partindo-se da estação,
esquina com Rua Dr. Porciúncula, pelo lado ímpar, tínhamos: nº 41 Hotel
Central; nº 71 Casa Mussel – Funerária; nº 75 Casa Familiar – Armazém de secos
e molhados; deste nº 75 até ao 89, um terreno baldio, utilizado para armação de
circos, quando na cidade; do nº 89 ao 103 o Modern Hotel; na esquina da Paulo
Barbosa o Colégio Pinto Ferreira; na outra esquina, José Hingel & Cia. –
Material elétrico, o qual pediu concordata em julho de 1926; nº 261, Café
Cometa; nº 279, Sapataria Para Todos; 298, Casa Almeida – Tecidos; nº 301,
Singer Sewing Machine Company – máquinas de costura; nº 319, Fábrica de Tapetes
de Madame Strauss; nº 331, Papelaria e Typographia Hees; nº 349, Casa Salomão –
Tecidos e armarinho; nº 351 ao 359, Lourenço Nogueira & Cia. – Armazém de
secos e molhados; nº 365, Banco Popular do Brasil; nº 371, sobrado, Fábrica
Mechanica de Sacos de Papel de Müller e Passos Ltda.; nº 371, Casa Samuel –
Móveis; nº 377, Tinturaria Parisiense; nº 381, Padaria Alemã; nº 401, Armazém
Petrópolis – Machado & Cia.; nº 403, Casa Canalli – Artefatos de vime e
junco; nº 407, A Luzitana, seleiro, sapataria e fábrica de tamancos; de José de
Euzébio Queiroz; nº 419, Joalheria e Ourivesaria de João Klipel & Irmão; do
nº 431 ao 437, Fábrica de Móveis e Colchoaria Grandi de Cleto Grandi; nº 441,
Casa Bogary – Funerária de Elpídio do Valle; nº 473, Ao Modelo de Petrópolis –
Chapéus masculinos e femininos; nº 477, Casa Pedro Jorge – meias, camisas e
tecidos; nº 521, casa Antoun – Tecidos; nº 547, F. Conzensa, Representante dos
Automóveis Studbacker, com exposição de veículos, aqui em 1857 era o nº 68, um
galpão e mercearia, hoje o prédio do Grande Hotel; nº 555, Pharmácia Petrópolis
– Consultórios e clínicas dos Drs. Paula Buarque, Oliveira Leite, Cândido
Martins, David Sanson, Paulo Rudge, Vital Fontenelle, Romão Júnior e Gabriel
Bastos; nº 563 A, Eqüitativa Seguros Gerais e Alliança da Bahia Seguros –
Representante em Petrópolis Arthur Loureiro; nº 574, Comissário Lopes –
Serviços de transporte para a capital federal; nº 591, Bazar Central –
Materiais de construção; nº 601, Casa Americana – jóias e relógios; nº 619,
Restaurante Milano, de Hercole Falconi; nº 629, sobrado, São Paulo Club, que
anunciava – “Conforto e Comodidade, tratamento fidalgo, e estava garantido por
“Interdicto” da Justiça Federal; nº 629, Loja Fraternidade Luzitana; nº 657,
Leiteria Mineira; nº 661, Ao Colosso de Petrópolis – Magazin; nº 671, sobrado,
Alfaiataria Moderna – chapéus de palha; nº 671, Loja Armarinho, de Mário Corrêa
da Silva; nº 699, Colégio Sta. Isabel; nº 737, Casa Energina – óleos
lubrificantes, tintas e pneus. A firma Costa & Cia. faliu e foi a leilão em
12 de março de 1926; nº 743, A Samaritana – artigos para homens, camisaria e
chapelaria; nº 653, Casa Duriez – secos e molhados finos; nº 763, sobrado,
Vicente Marchese – câmbio; nº 763, Loja Bric a Brac – compra e venda de móveis
usados; nº 793, Alfaiataria André Dias; nº 801, Oficina para Automóveis e Pneus
Goodyear, de Joaquim da Costa Freitas, na calçada, bomba de gasolina da Standard
Oil Company; nº 811, Casa Confiança – brechó do Sr. Rink compra e vende tudo;
nº 835, Oficinas e redação do jornal “O Comércio”, propriedade de Carlos
Rizzini, gerente Francisco Voges, órgão do Partido Republicano Fluminense,
ficava na esquina da Rua Marechal Deodoro; na outra esquina, nº 861, Banco
Construtor do Brasil – fornecedor de energia elétrica e água para a cidade
desde 1898 até 1939; a seguir o prédio do Fórum com a Delegacia de Polícia,
quartel de Bombeiros, Correios e Telégrafos, Cartórios e Varas cíveis e
criminais, indo até a esquina com Rua Gen. Osório; do outro lado, nº 907,
Restaurante Rio-Petrópolis; nº 1.033, Panificação Sul Americana; nº 1.049,
Bentes & Barbosa – agentes dos automóveis da marca Chevrolet; nº 1.053,
Quitanda Petrópolis; nº 1.055, Oficina e Redação do “Jornal de Petrópolis”,
cujo gerente era o Sr. Sandálio Alcover; nº 1.069, Bazar Chave de Ouro –
Tecidos e utilidades do lar; nº 1.081, A Óptica – material fotográfico, Lentes
e armações para óculos de H. Haack; nº 1.085, Chapelaria Silva, chapéus para
damas e cavalheiros; 1.087 e 1.089, Fábrica de Caixas de Papelão – L. Silva
& Cia.; nº 1.127, Fábrica de Ladrilhos de André Justen & Cia.; por
último deste lado, um posto de gasolina da marca “Energina”, de Fonseca &
Bompet Ltda., a logomarca da “Energina” era a suástica Nazista.
Do mesmo modo,
partindo-se da Praça da Inconfidência, pelo lado par temos: nº 16, Casa Galo –
Louças e ferragens; ao lado, Hotel Max Mayer; no nº 50, “Só Vale Quem Tem” –
Loterias; nº 66, Açougue de Francisco Firmo Heffer; nº 96, O Banco de
Petrópolis – agência matriz; nº 138, um sobrado de habitações coletivas,
propriedade do Sr. Domingos Nogueira; nº 160, Casa Samuel – Tapetes; nº 264
Escola de Remington Oficial de Datilografia da Professora Catharina de Andrade;
nº 266, Casa Queiroz – Papelaria e livraria; nº 288, sobrado, S. A.Casa Pratt -
Maia & Irmão, representantes de máquinas de escrever e material de
escritório Remington; nº 288, loja, Casa Alliança – Meias em geral; nº 292,
Colégio Ateneu Brasileiro – Internato e externato; nº 300, gabinete do Dr.
Henrique Cunha, cirurgião-dentista, corretor de imóveis e loteador; nº 310,
Madame Helena – Massagista (atendia em domicílios); a seguir um terreno vazio,
utilizado eventualmente por parques de diversão e circos; nº 350, o prédio dos
Correios e Telégrafos, inaugurado em 1922; ao lado, em terra com muito capim, o
que viria ser a Rua Epitácio Pessoa; nº 400, o Colégio Dom Pedro II, também
fundado em1922; daí até a “Bacia” na margem direita do rio Quitandinha, áreas a
serem loteadas, que outrora pertenciam aos jardins do Palácio Imperial, nesta
época um grande matagal.
Do outro lado da
“Bacia”, e vizinho já à Praça D. Pedro II, em 1926 e desde 1914, no nº 700,
estava a “Casa D’Angelo”, mas ainda em prédio térreo, sem o sobrado de hoje; ao
nº 710, Mendonça e Ollive – corretores de imóveis; nº 718, Ao Grande Chic –
Chapéus para senhoras; nº 728, “Papelaria do Povo”; nº 734, Vicente Marchese –
Câmbio e, o que se chamaria hoje, consultor financeiro para necessitados ou
massas falidas; nº 744, “Confeitaria Falconi”, que faliu em outubro deste 1926;
nº 754, “Joalheria Royale”, de Emanuel Bloch e Frèré; nº 762, “Nice Hotel”, de
Vicente Marchese; nº 764, “Casa Hermanny” – Material médico e cutelaria; nº
768, Casa Xavier – Modas, brinquedos e presentes; nº 774, sobrado, Café e
bilhares de Luiz Bonsauer – aberto diariamente até 1 hora da manhã; 774,
térreo, “A Fortaleza”, de Reynaldo Chaves – Artigos para homens; nº 790, “A
Tradicional”, joalheria de Henrique Rittimayer, desde 1857, quando estava sob o
nº 53; nº 798, Açougue e Salsicharia a vapor, de Oliveira & Soares; nº 804,
“Salão Cosmopolita” – Cabeleireiro para senhoras; nº 806, Theatro Petrópolis,
prédio ainda assobradado; do nº 810 ao 826, “Garagem Brandão” – Representante e
revendedor dos automóveis “Rugby”; nº 832, Salão Paris – Barbeiros; nº 842,
“Casa Paulista”, de Madame Julieta Oliveira – Roupas para senhoras e crianças;
nº 848, “A Favorita” - Tecidos e armarinhos; nº 870, “Casa Gomes”, de Pedro
Gomes – Conservas e bebidas finas, reinaugurada em 13 de novembro de 1926, a
reforma esteve a cargo do Sr. De Carollis; nº 880, J. Pinheiro Filho – Material
de construção; nº 882, “Tabacaria Serrana” – Cigarros, charutos e fumos em
geral; nº 892, “Casa Homeopática Hanemann”, do Dr. Manuel Joaquim Costa; nº
896, “Café Paulista”, de Antônio Costa Pinto, inaugurado a 1º de novembro de
1926; nº 912, sobrado, Mendonça & Oliveira – Escritório comercial,
administração, aluguéis, compra e venda de imóveis; nº 912, loja, “Casa de Pianos
e Machinas Falantes”; nº 938, “Café Centenário”, de Frota e Fernandes - Aberto
até meia-noite; nº 964, “Fábrica de Móveis Gelli” e loja de varejo; na esquina
da Rua Alencar Lima, em prédio recém-construído, a agência da “Caixa Econômica
Estadual”, na outra esquina, em construção, o prédio da futura sede do “Banco
de Petrópolis”; nº 996, “Casa Alliança”, de Christóvão & Filho – Meias,
camisas e miudezas; nº 970, “Theatro Cassino Fluminense”, onde a 1º de maio de
1897 exibiu-se o primeiro filme em Petrópolis; nº 986, Theatro Capitólio; nº
990, Chapelaria Rio Branco, de Madame Thereza Magiotta – Fábrica de
chapéus-de-sol e bengalas; nº 1.004, Alfaiataria da Paz – Costumes e ternos
masculinos; nº 1.038, Casa do Povo – Loterias; nº 1.005, Club dos Diários – reunia
profissionais da imprensa carioca correspondentes na cidade, assim denominado
pois chegavam no primeiro trem pela manhã, vindo da capital federal e
retornavam no das 16h; nº 1,080, Bazar Standard – Armarinho; já na esquina da
então Rua Cruzeiro (Dr. Nélson de Sá Earp), nº 1.060, Belloni & Spalluto –
Agentes do Lloyd Saburo, Cia. de Navegação Italiana.
Ainda neste ano de
1926, algumas das antigas pontes de madeira pintadas de vermelho, como a em
frente à Rua Cruzeiro (Dr. Nélson de Sá Earp), estão sendo substituídas por
pontes de concreto armado e balaústres também, pintados de branco. Os moradores
da avenida reclamavam, constantemente, do barulho produzido pelos cães vadios à
noite. “Veludo” é o tipo popular mais famoso, de nome Maria Pimenta, mulata de
aparência idosa, pelos anos ou pelos dissabores da vida. Por vezes ébria e eram
muitas as vezes, usa chapéu de plumas, capa que se sobrepunha ao vestido longo,
surrado e óculos. As banquetas dos rios são reformadas e construídas calçadas
deste lado. Um bonde irrigador tira a poeira da avenida XV de Novembro, todas
as manhãs.
A 25 de janeiro de 1926
inaugurou-se exposição de pinturas da Srª Clara Welker, na sala de espera do
Theatro Petrópolis. Poucos dias depois, na Casa Gelli, abre-se exposição de
“bibelots”, trabalhos do escultor Viegelmann de Munich, apresentados pela
primeira vez na cidade pela Srª Nini Gronau. Os verões eram a época dos grandes
acontecimentos sociais, e nesse tempo nota-se uma presença ainda marcante da
cultura germânica. Em 31 de janeiro de 1926 visita a cidade a tripulação do
cruzador alemão “Berlim”. Cerca de setenta marujos chegam à cidade às 8h30,
pelo trem da Leopoldina; são recebidos com banda de música (Banda do Clube
Comercial), passeiam pela Avenida XV, almoçam no Coral Concórdia (Rua 13 de
Maio) e voltam para o Rio de Janeiro, no comboio das 16h30. Causou surpresa à
imprensa o fato de, no sábado, 16 de janeiro, não ter havido nem um só
casamento no Cartório de Registro Civil.
Em 2 de junho de 1926,
em frente à Chapelaria Rio Branco (990 da Avenida), falece, subitamente, o Sr.
Felipe Botelho, mulato de 32 anos. A polícia providenciou, prontamente, a
retirada do cadáver. No dia nove do mesmo mês, às 18h30, irrompeu um grande
incêndio no barracão aos fundos da residência do Sr. Ferdinando Finknauer, que
fica próximo à Rua 14 de Julho (Washington Luiz), os bombeiros agiram rápido e
não permitiram que o fogo se alastrasse para os prédios vizinhos. Em 28 de
junho de 1926, próximo ao nº 73 da Avenida XV, os sócios em açougue na Rua Cel.
Veiga, Joaquim Marques e Manoel Vaz da Silva discutem, Manoel dá um tiro em
Joaquim ferindo-o gravemente. Manoel é preso na hora.
Para melhorar os ares
(ainda não se melhorava o astral), a 5 de julho Madame Curie visita Petrópolis.
A famosa cientista francesa, ganhadora do Prêmio Nobel de Física em 1903, foi
trazida à cidade pela sociedade União Inter-Americana de Mulheres. Madame Curie
passeou pela Avenida XV e almoçou na Granja Independência. Como todos os
visitantes na época, chegou no trem das 8h30, com recepção de banda de música,
no caso, do “Clube Euterpe” e retornou à capital federal no trem das 16h30. No
Theatro Capitólio, a partir de 27 de julho de 1926 esteve em cartaz, por duas
semanas, o filme “O Mundo Perdido”, de Conan Doyle, produção da First National
Pictures, estrelando: Lewis Stone, Wallace Barry, Besse Lowe e Loide Hughes
acompanhava essa superprodução, lindas partituras, que aqui foram executadas
por grande orquestra, sob regência do professor Gao Omatch, da Escola de Música
Santa Cecília.
A Avenida XV de
Novembro, em 1926, sentia muito a falência da Confeitaria Falconi, embora a
estimada família Falconi já não fosse mais proprietária do estabelecimento
desde 1922. A 13 de agosto inaugura-se a agência da Caixa Econômica Estadual,
na esquina da Avenida XV com a recém-aberta Rua. Alencar Lima. A agência
funciona das 10 às 17 horas, de segunda a sexta. O 7 de Setembro de 1926 passa
quase despercebido pela Avenida XV, no dizer de um colunista da “Tribuna” de 10
de setembro, apenas os escoteiros do Grupo Pedro II desfilaram pela avenida.
Dulcina de Morais, a futura grande estrela do teatro, estréia no Capitólio a 11
de setembro; ela tem apenas 18 anos. A Cervejaria Bohemia lançava uma nova
cerveja, a Bock Malter, cerveja escura que era recomendada às senhoras em
período de lactação, “por ser nutritiva e forte”, no dizer de reclame da
“Tribuna”.
1926 também muda o
sentido comercial da Avenida XV de Novembro (Rua do Imperador) com a
inauguração da Rodovia Rio-Petrópolis, futura Rodovia Washington Luiz; os olhos
comerciais voltam-se para a Renânia, o que tem conseqüência na disposição
comercial da Rua do Imperador até hoje: a elite freqüenta, preferencialmente,
da Praça D. Pedro II ao Fórum ou pouco mais e o povo simples o outro lado, onde
se encontram os supermercados, açougues e os terminais de coletivos urbanos.
Os tempos são quentes
novamente em 1935. Agora são Socialistas e Fascistas que se digladiavam, desde
discursos às vias de fato: 9 de junho de 1935, comício socialista na Praça D.
Pedro II termina em passeata pela avenida, indo em direção à Rua Cruzeiro (Dr.
Nélson de Sá Earp), onde localiza-se a sede da “Ação Integralista Brasileira”,
fascistas. Boa coisa não poderia acontecer, além de feridos, um operário é
morto a tiros. No dia seguinte, o enterro do operário da Têxtil Santa Helena,
acontece greve geral dos têxteis apoiados por outros sindicatos, inclusive pelo
poderoso Sindicato dos Ferroviários, que conduzem por trem os trabalhadores da
Cia. Petropolitana de Cascatinha, “u treim dus italianu”. Era comum à época, o
comércio da avenida cerrar suas portas em sinal de respeito e luto, quando
algum político ou cidadão de destaque na sociedade falecia na cidade. Os
operários revoltados os intimidaram a também fechar as portas, pelo companheiro
morto; há confusão, alguns comerciantes reagem, se negam a fechar seus
estabelecimentos, lojas são apedrejadas e saqueadas, a polícia se intimida,
aguarda reforços vindos de Niterói. Por fim, todo o comércio fecha, inclusive
bares, restaurantes e cafés, tais fatos se sucedem pela manhã.
À tarde, no Valparaíso,
o clássico da cidade, grande público, o Serrano vence o Petropolitano por 5x3.
Nos cinemas da Avenida XV de Novembro, em cartaz: No Petrópolis “Duque de
Ferro”, com Georg Arlysse e no Capitólio “Acima das Nuvens”, com Robert
Armstrong e Dorothy Wilson. Ao cair da tarde a cidade é tomado por forças
militares, um piquete de cavalaria vindo de Niterói desfila pela Avenida XV de
Novembro ao som de clarins intimida os grevistas. Há seções nos cinemas à noite,
soirées.
Pela década de 1930 a
Avenida viu, além das lides políticas, surgir no alvorecer 1929/1930 o primeiro
“arranha-céu”, o prédio do Grande Hotel, seis andares em dois blocos no nº 547.
Os bondes, que haviam começado a circular em 1910, param em dezembro de 1939,
encerrando um ciclo do transporte coletivo de Petrópolis; inicia-se o império
do transporte rodoviário.
Tempos difíceis se
aproximam, o mundo em guerra, e a Avenida XV de Novembro não poderia passar
incólume. Paixões políticas desfilam pelas calçadas, bares e cafés, a tensão
política vai em um crescendo desenfreado, até que a 18 de agosto de 1942, a
notícia do torpedeamento de mercantes brasileiros por submarinos alemães
explode a indignação patriótica popular. Insuflados por oradores, responsáveis
e irresponsáveis, que se sucedem desde o coreto da Praça Dom Pedro II. A massa,
indignada, agitadores mal-intencionados e desocupados em geral, saem pela
avenida, destruindo, saqueando e agredindo proprietários de casas comerciais
que pertencem ou têm nomes que lembrem os países do eixo, Alemanha e Itália:
Padaria Alemã, Joalheria Rittimayer, A Óptica, de H. Haack, Restaurante
Falconi, Sapataria Schittini, Magazines De Carolis e Gelli, entre outros pela
cidade. Alguns trocaram suas denominações comerciais, como a Padaria Alemã, que
se tornou Padaria Petrópolis.
Os acontecimentos levam
à decretação de “toque de recolher” pelas autoridades policiais, a 19 de agosto
e por mais quinze dias, bares, restaurantes, bilhares etc. são obrigados a
fechar às 22h e é proibido o trânsito de pessoas e veículos após este horário.
Também são proibidos novos comícios pelo delegado, Dr. José de Moraes Rattes,
um descendente de colonos alemães.
O tempo passa e a
avenida viu o sofrimento de mães, que viram seus filhos chamados a lutar em uma
guerra longínqua, marcharam sobre seus paralelos os soldados petropolitanos,
muitos, descendentes de alemães e italianos, convocados para a FEB. Sentiu o
cheiro e o barulho dos automóveis movidos a gasogênio, as filas nas padarias com
a falta de pão, do trigo, todo importado. O ano de 1945 chegou com exaustão e
promessa de paz, o verão chegava ao final e, as águas de março aprontavam.
26 de março de 1945,
segunda-feira, o comércio abria preguiçoso às 14 horas, tarde ensolarada e
quente, abafada. Ao cair da tarde começa a chover, após as 21horas, aumenta de
intensidade e por mais de duas horas chove copiosamente. A Avenida XV de
Novembro fica alagada como nunca antes; transbordam os rios Quitandinha e
Palatinato, na “Bacia” o nível das águas atinge o alto das escadarias do
Theatro D. Pedro (Teatro Municipal), a ponte em frente à Rua Barão de Teffé, de
madeira, é completamente destruída, desaba e seus pedaços são levados pela
correnteza. Rapazes são vistos por jornalistas da “Tribuna de Petrópolis”
nadando divertidamente, à altura da Rua Mal. Deodoro, em franco desafio à
natureza.
Após as águas recuarem
para os leitos dos rios, ficou a lama, muita lama e lixo. Pela manhã seguinte,
durante os trabalhos de limpeza e levantamento dos prejuízos do comércio,
diversas serpentes são encontradas, duas na Casa Sloper, (hoje uma farmácia, nº
60, da Rua do Imperador) os gritos histéricos e desesperados das moças
balconistas do estabelecimento são ouvidos a distância, só com a chegada de
soldados voltam ao interior da loja. Na agência do Banco do Brasil, na esquina
da Rua Alencar Lima, no prédio construído para sede do falido Banco de
Petrópolis, cédulas novas, ainda não postas em circulação, bóiam dentro da
agência. Nos dias seguintes são colocadas a secar, em aquecedores elétricos e
ao Sol, o que provoca grande curiosidade popular e cobiça, certamente.
Meses depois ainda há
vestígios da inundação, a maior de todos os tempos na Rua do Imperador e, a 6
de maio de 1945 a população invade a Avenida XV de Novembro, na comemoração da
paz e da vitória aliada na 2ª Guerra Mundial.
A década de 1940 viu a
construção do Edifício Gelli, o maior de então, a fábrica de móveis fora
transferida para a Avenida Barão do Rio Branco e a loja transforma-se em
Magazin, o que mais tarde será conhecido como loja de departamentos. A
construção de outros edifícios vai se dar na década de 1950, a começar pelo
edifício “Minas Gerais”, na esquina com Rua Barão de Teffé e o “Imperador”, na
esquina da Rua Paulo Barbosa, no local do demolido prédio do Colégio Pinto
Ferreira, ambos nos primeiros anos da década. A tendência à verticalização da
Rua do Imperador se intensifica a partir da década de 1960 e atinge seu ápice
na de 1970. São demolidos, progressivamente, prédios do final do século XIX e
início do século XX.
“...O
velho Hotel Bragança, Senhores,
quase si me dão?
Foi
célebre na Monarquia; Por essa
rica sopeira!”
Não
havia bonança.
Gritava lá no leilão,
Mas perfeito em
zoologia
O Coronel Chico Silveira.
Carros oi tílburis de
praça,
Comissários, afamados,
Quer de noite, quer de
dia, (Deixa que aqui me expande)
Forneciam, quase de
graça
Eram, assas, procurados,
O Brandão e o
Garcia.
O Grotz, o Hugo e o Land.
O cassino, o Floresta, No
balcão, sempre atentos,
Instalados no
centro,
Na Rua lida, sem fim,
Promoviam festas
A pesar a medir, suarentos,
Vistosas, lá
dentro.
“Seu Motta, o Meira, e Parin”
Baile, música,
vitrola,
Fugia-se de Roma, fiscal,
Circo, patinação;
E de Chico, chapeleiro...
Moça trepada na
bola,
Tinha-se ojeriza formal,
Provocava
sensação.
Por um tal Jacob, coveiro.
Cafés, hotéis,
bilhares,
Outras casas, na Avenida,
Diversão
às centenas,
Chamavam mesmo a atenção
Mesmo aos milhares
Lá estavam, firmes, na lida,
Boas
festas, lindas cenas. Os três
Scheffers, no balcão.
O fiado era dinheiro,
Certíssimo no fim do mês.
Fosse médico, Engenheiro,
Tudo aqui era bom freguês.
Tribuna de Petrópolis - Sem Autor – em 01/07/1956
1956 vê, em nome do
progresso, a definitiva descaracterização da Avenida XV de Novembro/Rua do
Imperador. As árvores, já então centenárias, são derrubadas. As pontes
vermelhas de madeira, há décadas vinham sendo trocados por concreto armado, já
não existem. Agora são as margens dos rios, uma obra que promete,
enganosamente, o fim das “enchentes”. Emparedados os córregos correm por entre
muros de concreto, onde as bocas negras dos esgotos neles projetam as mesmas
“imundícies” de 1878. Em um arremedo de “Bèlle Époque” são colocados balaústres
de concreto em corrimões de concreto.
Isto tudo tem autores e
nomes: o prefeito Flávio Castrioto de Figueiredo e Mello e o chefe da
Engenharia da PMP, engenheiro Ellyr Allah Rodrigues. O prefeito convoca um
comissão de cidadãos ilustres, para corroborar com seu plano de obras para a
principal via pública da cidade, foram eles: engenheiros Alfredo Baeta Neves,
Sady Mello e Silva, Ellyr Allah Rodrigues, Sérgio Júdice e Affonso Monteiro da
Silva; médicos sanitaristas, Mário Pinheiro, Germano Bretz e Domingos Padula e
o industrial José Soares de Sá.
No jornal “Diário de
Petrópolis”, em agosto de 1956, na coluna “A Engenharia do Município”, assinada
pelo engenheiro Ellir A. Rodrigues, esse dizia: 1 – Urbanização da Av. XV de
Novembro – com a quase conclusão do trecho entre as ruas João Pessoa e General
Osório, já se pode ter uma idéia do novo aspecto urbanístico da nossa principal
artéria. O alargamento da Rua Marechal Deodoro e das pontes fronteiras a essa
rua e a Rua General Osório faz parte do plano geral e veio estender os limites
para a solução do problema do tráfego. As árvores e flores definitivas serão,
dentro de poucos dias, plantadas nos canteiros especiais. As pistas de tráfego
estão ganhando um metro em toda a sua extensão e um passeio de 1,30m de largura
foi criado, não só para compor o conjunto, como também para proteção do
pedestre. O revestimento das paredes laterais do canal em lajotas, veio dar o
acabamento condizente com o local e facilitar o escoamento das águas nos
períodos de enchentes. A balaustrada, muito bonita, completa um todo
realmente interessante. Se algumas condições essenciais e intrínsecas
acompanharem o expresso desejo do Sr. Prefeito, devemos atingir, até fins de
dezembro, a parte fronteira ao restaurante Falconi. Estamos ultimando os
cálculos, projetos e orçamentos para, independentemente do trecho citado,
atacar o triângulo da Praça D. Pedro...” O mesmo “Diário de Petrópolis” estampa
em 1ª página, a 3 de agosto de 1956, comentários elogiosos às obras: “... a
ausência de árvores, por si só, veio estampar em nossa principal artéria um
colorido diferente, rico e agradável, pois, em virtude dela, a Avenida recebe
agora maior volume de luz natural...”(palavras destacadas por nós).
A esse tempo, 1956/57,
são trocadas as lâmpadas incandescentes da iluminação pública, por lâmpadas
fluorescentes. Uma chuva forte, a 8 de abril de 1957, faz com que os rios da
Avenida XV transbordem, causando grande prejuízo aos comerciantes, fato
agravado pelas obras que estavam em andamento. Em 13 de abril de 1957, o
articulista Henrique Pongetti, através da “Tribuna de Petrópolis”, tece
considerações a cerca da “modernização” da cidade: “... os petropolitanos
precisão defender Petrópolis dos atentados, injustificáveis, cometidos em nome
do progresso. A mais bela cidade-jardim do mundo está perdendo seu jardim e
virando uma cidade qualquer...”
REMINISCÊNCIAS
“Olho a Avenida 15 de
Novembro,
Desde o princípio ao
fim deserta e nua,
E minha alma soluça se
me lembro
Das lindas serenatas
pela Rua...”
In “Jornal de
Petrópolis” – Sem autor
O7/06/1949
Um mês antes, em 2 de
março de 1957, o Sr. Manuel Ramalho estava à meia-noite em frente ao Hotel D.
Pedro, quando passou um “cadillac” azul, notando o Sr. Ramalho que do interior
do veículo algo foi atirado pela janela. Levado pela curiosidade foi verificar
o que era, deparando-se com uma blusa de senhora de seda azul. “Tempos
Dourados”. Já a 24 de janeiro do mesmo ano, a polícia foi chamada a intervir em
seção de cinema no “Cine Petrópolis”, quando era exibido o filme “Ao Balanço
das Horas”, por bagunça e algazarra dos jovens freqüentadores, sob o pretexto
da emoção incontrolável do “Rock and Roll”. No dia 4 de abril de 1957 deu no
primeiro prêmio o milhar do carro do delegado Dr. Paulo Bretz: 1370. O
“Obelisco” estava em construção, um freguês viajante sai da Casa D’Angelo, já
tarde da noite, vira-se para o garçom perguntando-lhe: “- Que chaminé é essa?”.
Apontando para a obra. A resposta foi imediata: “- Isso é o tal de omenisco
da cidade!”.
As obras, ditas de
urbanização e modernização do centro comercial foram inauguradas a 20 de
setembro de 1957, comemorado-se o primeiro centenário da elevação de Petrópolis
à categoria de cidade. Ao centro da Avenida XV de Novembro, na região da
“Bacia”, foi erguido monumento, um Obelisco de 20m de altura, revestido em
mármore, onde justificou a municipalidade homenagear os fundadores de
Petrópolis. Em sua base estão placas de bronze, com os nomes das famílias dos
colonos alemães chegados a Petrópolis a partir de 29 de junho de 1845. Projeto
do engenheiro Glass Veiga e executado pelo engenheiro Ellyr Allah Rodrigues.
A idéia da construção
do monumento surgiu ao prefeito Flávio Castrioto, durante uma visita a Buenos
Aires, onde pode se ver belo “Obelisco” na Avenida 9 de Julho, a homenagem aos
colonos surgiu depois como dito acima, numa justificativa diria, canhestra, dos
dirigentes municipais. À inauguração compareceram o presidente da República,
Juscelino Kubischeck, o governador do Estado do Rio de Janeiro, Miguel Couto
Filho, além das autoridades municipais, prefeito, secretários, vereadores e
outras autoridades civis, militares e religiosas, que assistiram a imponente
desfile cívico-militar, com a presença do Batalhão Pedro II, da Banda do Corpo
de Fuzileiros Navais e dos colégios da cidade. Foi, sem dúvida,uma das maiores,
se não a maior concentração popular já vista na Rua do Imperador.
Curiosamente, a
principal rua da cidade de Petrópolis possui somente mais um monumento em suas
margens, que é o busto em bronze do professor Dr. Pinto Ferreira, na larga
calçada em frente ao Colégio Estadual D. Pedro II, dito “Calçadão do Cenip”.
A Rua do Imperador
estava, a partir destas obras, completamente sem cobertura vegetal, até meados
da década de 1960, quando as mudas de sibipiruna atingem altura suficiente para
fazerem alguma sombra, paraíso de bandos de pardais, que se concentravam a
partir do entardecer, principalmente em frente ao prédio do Fórum e na praça na
esquina da Rua Paulo Barbosa, até que a poluição os afugentou, definitivamente.
As obras dão partida a uma especulação imobiliária desenfreada, acelerando a
verticalização, com a demolição de obras centenárias ou quase, mesmo os que
permanecem, desfiguram-se, construindo-se marquises de concreto armado, a
substituir os toldos característicos da Rua do Imperador.
A partir de 1960, com a
transferência da capital para Brasília há uma progressiva diminuição do fluxo
de veranistas, o que fez o comércio da Rua do Imperador, tradicionalmente
voltado para o forasteiro, ser substituído por outro mais voltado para o da
terra, porém jamais recuperam seu brilho e pujança anterior; se por um lado
mantém ou é impelido a manter preços altos, por outro esbarra no baixo poder
aquisitivo da maioria absoluta dos petropolitanos. Os hotéis, por exemplo, que
se localizavam na Avenida XV/Rua do Imperador, encerram suas atividades durante
as décadas seguintes ou se aviltam.
Dez anos depois das
obras que prometiam, entre outras coisas, o fim das enchentes, são postas à
prova. A 12 de janeiro de 1966 a Avenida XV de Novembro/Rua do Imperador foi
mais uma vez alagada, sendo esta uma das grandes enchentes, apenas suplantado o
volume de água pela de março de 1945.
Começou a chover na
cidade a partir das 18 horas, os rios iniciam a transbordar às 22 horas e
atingem o nível máximo a 1 hora, já no dia 13, de um domingo para uma
segunda-feira. O prejuízo do comércio foi vultoso, ainda não haviam terminado
as obras do túnel extravasor do rio Palatinato, que ficou pronto em meados da
década de 1970 (ver II Parte, Cap. XVI - Quarteirão Princesa Imperial),
portanto, os dois rios ainda transbordavam, alagando desde a Praça da
Inconfidência até a Washington Luiz, toda a avenida. Atingiram as águas o nível
de dois metros, marcados no granito do Obelisco. Após as chuvas, que duraram
mais dois dias com enchentes menores diariamente, a Avenida XV de Novembro/Rua
do Imperador voltou aos tempos de lama e poeira do século XIX, por algumas
semanas. Nestes dias de tempestades seguidas, que causaram desgraças em vários
pontos da cidade, o que veremos mais à frente, o cinema Petrópolis exibia:
“Quanto mais músculos melhor”, com Frank Avalon. E o Capitólio: “Dois
Destinos”, com Marcelo Maistroiani.
Pelas décadas de 1960 e
1970 circulavam pela avenida alguns tipos folclóricos e populares: um negro
forte, simpático, era o “Presidente”, gostava de conversar sobre política e
fazia discursos do alto do coreto da Praça D. Pedro II; o “Conde das
Perobinhas”, Antônio Crescêncio, sempre sorridente, tinha o projeto de assumir
o governo da cidade. “João Tijolo” era alvo de brincadeiras que o faziam
desatar em xingamentos e palavrões; o “Tiziu”, pessoa agradável, de tão negro
recebeu o apelido, falava algumas palavras em francês e procurava aparentar
polidez, mas soltava imprecações ao chamamento de: “Tiziu, Tiziu!”. “Dom Luiz”,
o “Barão de Petrópolis”, andava às voltas, pelo fórum e entre os advogados que
freqüentavam os cartórios, procurando um jeito de como receber o dinheiro do
pedágio da recém-construída Ponte Rio-Niterói, que lhe pertencia por herança. O
“Bem-te-vi” envergava uniforme de escoteiro tocando flautinha de lata. Levava a
mão à testa, cumprimentando as pessoas, dizendo: “Sempre alerta!”. O
“Papa-ovo”, sempre de chapéu de abas largas e capa de chuva, atirava pedras ou
qualquer coisa que encontrasse nos garotos que o infernizavam aos gritos de:
“Papa-ovo, Papa-ovo!”. Outros ainda havia, como o “guarda de trânsito”, a quem
os motoristas obedeciam ou o atropelariam; ainda o tricolor fanático Delamare,
uma senhora que tocava os dedos em todos os objetos pelos quais passava; o
Salerno, que se revoltava quando alguém afirmava que o antigo INPS iria acabar,
aliás, acabou mesmo.
1970 viu a avenida ser
asfaltada, o piso das calçadas ser reformado substituindo-se os azulejos
vermelhos e brancos, colocados na década de 1956 por calçamento em pedras,
ditas portuguesas, pretas e brancas e, como estas, formado “Pês”. Os postes
haviam sido pintados de prata em 1967 e agora, em 1974, eram as lâmpadas
fluorescentes trocadas por gás néon. Os edifícios haviam proliferado, até que
no final da década há uma retomada da consciência preservacionista, que estaca
um pouco este processo de verticalização da Rua do Imperador, até quase se
extinguir com os tombamentos de 1986.
5 de fevereiro de 1988,
à tarde, cai um grande aguaceiro sobre a cidade, que muito sofre, a avenida, já
definitivamente Rua do Imperador, não poderia passar sem lama e poeira, mas a
conclusão das obras do túnel do Palatinato, em 1974, impediu que prejuízos,
como os anteriores, fossem consumados.
O primeiro grande
momento do movimento preservacionista foi a retomada, da denominação primitiva
da Avenida XV, voltando a denominar-se Rua do Imperador, em 1979. Embora essa
mudança tenha sido, em princípio, encarada com algum ceticismo pela população,
com o passar dos anos o velho nome foi sendo aceito, tanto que muitos hoje
sequer se lembram do antigo nome: Avenida XV de Novembro.
Litografia mostrando a rua do Imperador em 1860, para podemos no situar na imagem, imaginem-se de pé na atual praça da Inconfidência e olhando para frente, assim vocês poderão se localizar na gravura. Acervo Museu Imperial
Referências bibliográficas:
ZANATTA, Álvaro. Histórias e Lendas das ruas de Petrópolis.
Muito boa reportagem !
ResponderExcluirUm espetáculo! Outro dia me perguntaram sobre o prédio do antigo Fórum. Aqui encontrei tudo o que procurava... Parabéns e obrigada,
ResponderExcluir