terça-feira, 18 de março de 2014

UM DISCO VOADOR EM PETRÓPOLIS

Notícia de domingo do JORNAL DO POVO do dia 11 de Abril de 1950

OBSERVADO EM PETRÓPOLIS UM “DISCO VOADOR”

Sobrevoa o quartel da Presidência um desses engenhos desconcertantes e misteriosos.

Os famosos “discos voadores”, misteriosos aparelhos vêm, provocando os mais desencontrados comentários da imprensa mundial e já apareceram, ao que informam as agencias telegráficas, em quase todos os países, deram por ser vistos, ultimamente, sob os céus petropolitanos.
Ainda há poucos dias noticiávamos o aparecimento de um desses exquisitos engenhos em São José do Rio Preto, onde vários moradores do local afirmaram haver distinguido nitidamente a sua luminosa passagem, a grande velocidade, sôbre esses distrito extremo de Petrópolis.
Muitas pessoas duvidaram da veracidade da afirmação, dizendo tratar-se, apenas de visão delirante de algum emocional, que assim tomava vulto e, com o exagero que em geral, nesses casos se verifica, teria tomado foros de verdade, embora nada confirmasse o incompreensível fenômeno.
Agora, porém, a fonte de informação é insuspeitável, pois a própria oficialidade do III 3º R. I. presenciou o fato, que confirma.

COMO SE VERIFICOU O APARECIMENTO

Ontem, mais ou menos às 13 horas, o cap. Alberto Carlos Mendonça Lima, de serviço naquela unidade no nosso Exército, vislumbrou no firmamento um grande disco luminoso, impossível de confundir-se com algum astro tal a sua conformação e cor.
Imediatamente, a oficialidade da referida corporação militar, binóculo em punho, passou a observar o desconcertante aparelho.
Procurando maiores esclarecimentos, JORNAL DO POVO ouviu a palavra do tenente Mario Roca Dieguez, que informou ter observado o estranho aparecimento por mais de duas horas.
Do formato realmente de um disco movimentava-se lentamente, chegando, mesmo, por vezes, a parar no espaço. Estava à altura aproximada de 3.000 metros, sendo de côr prateada.
O sr. Silvio Branco, também ouvido, disse o seguinte:
- O objeto tinha uma coloração prateada e, embora se achasse a grande altura, não era possível confundi-lo com algum astro ou pássaro. Contudo, eu não posso precisar tratar-se de um “disco voador”.
A professora Franci Ferreira de Souza, da Escola Progresso, na rua Paulino Afonso, a qual nos avisou do ocorrido, também afirmou ter visto o “disco voador”.

Assim, pois temos confirmada a aparição desse objeto misterioso, que tantos tratos tem dado à imaginação de todos nós.


sexta-feira, 14 de março de 2014

O PRÉDIO DA CÂMARA MUNICIPAL DE PETRÓPOLIS

O artigo abaixo é de autoria do historiador e primeiro diretor do Museu Imperial de Petrópolis, Alcindo Sodré, publicado no Jornal de Petrópolis em 21 de junho de 1959. No texto Sodré, nos conta a história da Câmara MunIcipal, desde o primeiro prédio na Rua Paulo Barbosa, aonde hoje está erguido o edificio Rocha até a compra do atual prédio, o Palácio Amarelo e nos conta fatos interessantes como a festa em comemoração a lei da Abolição com a presença da Princesa Isabel, no antigo prédio em frente aonde hoje se localiza o Obeslico. 


PAÇO MUNICIPAL
Alcindo Sodré
O Paço Municipal de Petrópolis teve duas sedes alugadas antes da atual e própria.a primeira foi à rua do Mordomo nº 12, hoje Rua Paulo Barbosa. Ali se instalou o Legislativo local como expressão da autonomia de Petrópolis no gozo da cidade, a 17 de junho de 1859. Seu presidente, Albino José de Siqueira , sentou-se na cadeira principal, que era encimada pelo quadro a óleo do pintor Joaquim da Rocha Fragoso, representando dom Pedro II.
A segunda sede do Paço Municipal foi à rua do Imperador, trecho da Bacia, local fronteiro ao eixo da rua da Imperatriz, de propriedade de Rocha Miranda.
Nesse prédio, a 23 de maio de 1886 deu a Municipalidade um grande baile, promovido por Henrique Kopke para obter meios com que fossem satisfeitas às despesas da Primeira Exposição Industrial e Artística de Petrópolis, realizada no Palácio de Cristal, de 9 a 16 mesmo mês. A festa teve a presença da família Imperial e escolhida sociedade, prolongando-se até hora adiantada.
Não fora essa a única vez que sua Majestade, o Imperador honrou com sua presença o Paço Municipal, prestigiando uma iniciativa de que ele participara monetariamente e da qual dissera o Mercantil: “Petrópolis acaba de dar uma prova plena de que – como já o temos dito – não é simplesmente uma cidade de recreio é também um núcleo de trabalhadores”. A 25 de fevereiro de 1881, o Imperador acompanhado de seu camarista conselheiro Miranda Rego, visitou às 11 horas o Paço Municipal onde demorou-se cerca de uma hora percorrendo o edifício examinando a Biblioteca, a oficina de aferição e lembrou a adoção de medidas de melhoramento locais com especialidade as tendentes à salubridade pública.
O Paço Municipal recebeu também a visita da Princesa Isabel. Foi a 21 de maio de 188, por ocasião da grande festa promovida pela Câmara em regozijo ante a lei da Abolição. O comércio fechou. A rua do Imperador estava decorada com arcos, folhagens e bandeiras. Em frente ao Paço da cidade a banda da Casa Imperial tocava em coreto armado. A Câmara incorporada chefiando imponente séquito de que participavam setecentos colegiais, com bandas de música dirige-se para o Palácio onde o presidente pronunciou vibrante discurso. Houve depois te Deum, achando-se no templo o corpo diplomático. Terminada a cerimônia dirigiu-se o cortejo, na companhia de Sua Alteza para o Paço Municipal, onde a Princesa chegou a janela para receber a saudação popular.
Levados os Príncipes ao Palácio, a multidão freqüentou os bailes que se realizaram na sala da Câmara Municipal e nos salões do Bragança e do Floresta.
A 6 de fevereiro de 1876 discutiu-se na Assembléia Provincial o projeto de lei para construção de um prédio para  a Câmara Municipal de Petrópolis, idéia provocada por Paulino Afonso.
Entretanto, o Paço Municipal permaneceria na sede alugada da Bacia até 1894, quando sendo presidente da Câmara, o dr. Hermogênio Pereira da Silva, foi adquirido a 9 de julho pela quantia de 60:000$000, o prédio da atual Praça Visconde de Mauá.
O terreno do hoje vulgarmente conhecido Palácio Amarelo teve como primeiro proprietário o superintendente da Imperial Fazenda, José Alexandro Alves Pereira Ribeiro Cerne, constituído como foro aos 11 de julho de 1850, pelos prazos, 127, 128, 129 registro 557-A. Formavam esses prazos uma superfície de mil e duzentas e setenta braças, e o foro anual era de 25$500. Menos de dois meses após, com autorização do Mordomo, foram eles transferidos em 31 de agosto ao vereador de Sua Majestade o Imperador, José Carlos Mayrink da Silva Ferrão, que construiu a bela residência hoje transformada em Prefeitura de Petrópolis. A 14 de fevereiro de 1891, adquiriu-a do Barão de Guaraciaba, seu último proprietário residente.
Comprado o palacete para sede da Municipalidade, foi retirado o gradil que chegava ao alinhamento da Avenida Sete de Setembro, e feita a Praça existente. Das obras de adaptação introduzidas no edifício destacam-se, o salão destinado a sessões  da Câmara Municipal e a escadaria principal e vestíbulo superior. Todo lindo trabalho de decoração  que fez da sala nobre uma das mais belas jóias nacionais do gênero, é de autoria de José Huss. Este apreciável artista, nasceu na Alsácia a 7 de janeiro de 1852, e com a guerra franco-prussiana de 1870 não pode suportar o domínio alemão em sua terra natal e veio para o Brasil, fixando pouco depois residência em Petrópolis onde desposaria a 30 de julho de 1881, D. Maria Catharina de Schepper, cujo casal houve 7 casal  e sua prole petropolitana  prolonga-se nos dias correntes. A 24 de setembro de 1905, morria nesta cidade esse excelente artista que em sua segunda pátria realizou admirável obra na decoração da Municipalidade, obra que parece haver transfigurado em força de beleza e doçura todo o amargor e desencanto dos sentimentos que o fizeram abandonar a aldeia querida onde recebera a luz da existência.

Fonte:

Jornal de Petrópolis, 21 de Junho de 1959




Palácio Amarelo


domingo, 9 de março de 2014

CRIAÇÃO DA ESCOLA DOMÉSTICA NOSSA SENHORA DO AMPARO

 Em 15 de julho de 1868, Padre Siqueira foi em pessoa apresentar ao imperador dom Pedro II, o programa para a fundação de um estabelecimento pio,  a Escola Doméstica Nossa Senhora do Amparo, mas conhecido pelos petropolitanos apenas como: “Amparo”.  Segue abaixo o programa  entregue em pergaminho na integra ao imperador pelo padre.

“Senhor, com profundo respeito, venho à augusta presença de Vossa Majetsade Imperial, ter a subida honra de apresentar o programa de estabelecimento pio, que tenho projetado e sobre cujo assunto, Vossa Majestade já se dignou ouvir-me.
Esforço-me para ver realizado o meu pensamento confiando em Deus, em Vossa Majestade e no povo brasileiro, cuja caridade não me há de faltar. A educação de um povo Senhor, não está somente nos estudos, que levam ao caminho das ciências. Cada um para o que nasceu e conforme as suas condições. O pobre precisa do trabalho como riqueza, para isso, a instrução apropriada, o costume e a moralidade se tornam indispensáveis.
Atualmente, quando os altos poderes do Estado se ocupam da importante questçao sobre a emancipação da escravatura, é quando julgo mais oporturno por em prática o meu pensamento; então não me parece somente de utilidade ou caridade, considero antes como necessidade.
Tenho permanecido em algumas das províncias do Império e tenho encarado com atenção para a educação da pobreza que constitui a maioria do país; e o que vi, Senhor! Foi que se limitava ao ensino tosco da nossa língua e das quatro operações – a religião completamente esquecida, os maus costumes, a indiferença pelo trabalho, os vícios, enfim, dominando a criança desde a tenra idade, crescendo com elas para serem transmitidas à nova geração, pois foi esse o legado de seus pais.
Então fui impelido a revelar e por em prática o meu pensamento a tal ponto, que o silêncio por mais tempo convencer-me-ia de uma falta grave perante Deus e a sociedade.
O meu pensamento, senhor é de criar um estabelecimento para a pobreza, a mais desvalida, a do sexo feminino, dando-lhe uma educação conveniente para o serviço doméstico proporcionada à condição que lhe foi destinada pela Providência Divina. Convencido de que assim cumprirei com um dever como sacerdote, servindo à religião de Nosso Senhor Jesus Cristo e à sociedade a que pertenço resignado e cheio de confiança só espero pela aprovação de vossa Majestade para dar principio à referida obra.”

PROGRAMA PARA CRIAÇÃO DE UM ESTABELECIMENTO PIO PARA O SEXO FEMININO

Capítulo I
Do Estabelecimento

Art.1° - Terá por título Escola Doméstica de Nossa Senhora do Amparo
Art.2º - Seu fim é dar educação apropriada as meninas pobres, apara servirem em casas de famílias, como criadas, ficando, entretanto , sob a proteção da Escola, até que se achem em condições que as dispensem e que estão marcadas neste programa.
Art.3º - Terá uma capelania sob invocação da mesma Senhor do Amparo.

Capítulo II
Da Administração


Art.1º - A Administração será composta de dois sacerdotes, um reitor capelão e de um vice-reitor como coadjutor; e a interna de um número conveniente de Irmãs de Caridade que tomarão conta do ensino e direção das meninas.
Art.2° - As obrigações relativos ao Reitor e Vice-Reitor, às Irmãs de Caridade e à Superiora respectiva, se acharão nos estatutos que serão apresentados no tempo competente.
Capítulo III
Do Ensino

Art.1º -  As matérias de ensino resumem-se ao seguinte:
§1º - Doutrina Cristã e história sagrada, etc.
§2º - Ler e escrever bem a língua nacional e as quatro operações de aritmética.
§3º - Arranjos domésticos.
§4º - Costura, bordados, tecidos e flores.
§5º - Cozinha, lavagem e engomado.
§6º- Cultura de horta e jardim no que diz respeito à conservação ou tratamento.
Art.2º - Os trabalhos serão divididos em duas grandes classes:
§1º - A primeira classe compor-se-á de meninas de 7 a 12 anos que receberão o ensino menos pesado e que sua tenra idade e desenvolvimento comportarem.
§2º - A segunda será das meninas de 12 a 18 anos, que receberão todo o ensino da escola.
Art.3º - Todos os trabalhos relativos aos serviços interno da escola serão feitos pelas meninas, distribuídos semanalmente, como objeto de ensino, porém sempre de acordo com o artigo 2º deste capítulo.
Capítulo IV
Da Recepção ou admissão.

Art.1º - Serão admitidas somente meninas de 7 a 12 anos de idade, órfãs ou filhas de famílias de pobres, cujos pais ou tutores queiram confiá-las ao estabelecimento, com o fim de servirem como criadas, quando tenham completado o tirocínio marcado.
Art.2º - Quando os pais ou tutores quiserem um lugar na escola para suas filhas ou tuteladas, devem requerer ao reitor, apresentando documentos que atestem sua pobreza, bem como uma declaração autenticada pela autoridade civil se dua freguesia, fazendo constar que desiste de todo o direito de ação que pode ter sobre as meninas, enquanto for pensionista da escola.
Art.3º - O número de meninas será fixado anualmente, segundo os recursos de que dispuser o estabelecimento.
Art.4º - Haverá um livro de matricula das meninas onde serão declarados os nomes de seus pais, tutores e naturalidade, bem como todas as notas relativas ao comportamento de cada uma delas, enquanto dependerem da Escola.
Art.6º - Serão igualmente consideradas tuteladas e sob todas as condições acima postas, aquelas meninas nascidas, embora de ventres cativos, porém cujos senhores ou senhoras as libertarem com o fim de lhes darem uma educação apropriada à condição, e depois irem servir como criadas, nas mesmas casas em que nasceram.
Art.7º – Logo que o estabelecimento tenha proporções receberá também crianças que não necessitem mais de ser amamentadas, para acabar de cria-las e educa-las, devendo ser pajeadas pelas alunas mais antigas, entrando isso na ordem do ensino.

Capítulo V
Da retirada

 Art. 1º - Completa a idade de 18 anos, estão as meninas aptas para seguirem seu destino, ficando, entretanto, sob a proteção da Escola até a idade de 21 anos.
Art.2º - Serão entregues para servirem como criadas à famílias conhecidas pela sua posição e virtudes ou a colégios de meninas, que gozem de consideração, que as procurarem na Escola, requerendo ao Reitor e obrigando-se às condições nos parágrafos seguintes:
§1º - Dar uma pequena esmola ou jóia ao estabelecimento para sua manutenção,  que será marcada nos estatutos.
§ 2º - Pagar a menina uma mensalidade pequena irá subindo anualmente até a idade de 21 anos, de cuja data em diante a menina ficará sobre si e será segundo o contrato que então fizerem.
§3º - Se antes da menina completar a idade de 21 anos, não quiser mais os seus serviços deverá levá-la e entregar ao estabelecimento.
§4º - Quando dispensar os serviços da criada, deverá informar escrupulosamente sobre o seu comportamento e aptidão, em uma caderneta bem feita, que para esse fim será fornecida pela Escola, que acompanhará a criada como recomendação do seu préstimo e conduta.
Art.3º - As famílias que tiverem tomado criadas na escola e que depois forem privadas delas por motivos extraordinários e quiserem tirar outra como substituta, justificando esses motivos, ficam dispensados de dar outra esmola ou jóia.
Art.4º - Os pais podem, quando suas filhas queiram, retira-lás sem ônus algum, da escola, tendo completado o tirocínio marcado ou a idade de 18 anos, ficando, desde então, inteiramente desligadas do estabelecimento. Para isso, deverão requerer ao reitor, declarando qual o destino que lhes vão dar.
Art.5° - Os tutores terão sempre preferência para retirarem suas pupilas, satisfazendo, entretanto, as condições do artigo 2 do Capítulo V.
Art.6° - O casamento será sempre atendido em primeiro lugar, quando as meninas amam e se reconheça que o pretende poderá fazer a sua felicidade; podendo isso ser proporcionado pelos tutores ou protetores.

Capítulo VI
Economia da escola

Art.1º - Em todos os arranjos da Escola para acomodações, trabalhos, alimentação, vestuários e outros misteres, será sempre observada a maior simplicidade, economia e asseio.
Art.2º - O vestuário será apropriado ao serviço a que as meninas se destinam, sendo as costuras feitas por elas próprias.
Art.3º - Haverá uma enfermaria custeada por elas.

Capítulo VII
Disposições gerais

      Art. Único -  Os artigos deste programa servirão de base para a organização dos estatutos da escola, que no tempo competente serão apresentados a fim de recebida a aprovação, merecerem igualmente o necessário apoio do Governo Imperial.

ORÇAMENTO DA DESPESA PROVÁVEL COM A CONSTRUÇÃO DO EDÍFICIO PARA A ESCOLA E SEUS ACESSORIOS PARA COMEÇAR A FUNCIONAR
Construção do edifício .......................................... 60:000$000
Mobilia e outros acessórios................................... 8:000$000
Eventuais............................................................... 7:000$000
                                                                              75:000$000

ORÇAMENTO DE DESPESA PROVAVEL COM O CUSTEIO ANUAL DA ESCOLA

Alimentação do pessoal ...................................... 24:000$000
Vestuário ............................................................. 3:400$000
Despesa do material para ensino ....................... 1:000$000
Ordenado dos empregados ................................ 4:000$000
Eventuais ............................................................ 3:600$000
                                                                            36:000$000




Bibliografia:
ÁUREA, Madre. O Padre Siqueira – sua via e sua obra. Ed. Vozes, Petrópolis. 2013

Escola Doméstica Nossa Senhora do Amparo, Petrópolis-RJ. 2012




sexta-feira, 7 de março de 2014

PLANO KOELER

 Logo após a assinatura do contrato que efetuou o arrendamento da Fazenda do Córrego Seco, Koeler, sem perda de tempo iniciou a execução das incumbências que lhe cabiam, com a finalidade de tornar realidade o sonho do imperador dom Pedro II.
 Em 17 de outubro de 1843, iniciaram as obras de infra estrutura começando pela casa Fazenda, tornando–a sede administrativa das obras. No dia 30 de outubro do mesmo ano, o mordomo Paulo Barbosa, confirmou as instruções para o aforamento dos terrenos que formariam Petrópolis, obedecendo as sugestões do major Koeler.
 As sugestões do major, tornaram-se o regulamento de 16 artigos que deixam claro a inteligência impar de Koeler, que pensou nos mínimos detalhes, concebendo a povoação num modelo de cidade-jardim.
Abaixo esta listado algumas das disposições do regulamento:

·         Concessão de terrenos quadrilongos de 55 metros de frente e 110 metros de fundo.
·         A subdivisão de prazos eram proibida
·         Construção obrigatória no prazo de 2 a 4 anos
·         Era determinado construir as casas perto das ruas e praças
·         As fachadas dos prédios deveriam ser aprovadas antes da construção.
·         Era obrigatório o plantio de árvores nas calçadas e nas praças.
·         Deveriam ser construída a calçada com 10 palmos de largura no prazo de 1 ano.
·         Os prazos de terras deveriam ser cercados ou murados, no tempo máximo de 1 ano.

 Koeler aproveitou os cursos de águas dos rios, para traçar as suas margens, avenidas e ruas da futura cidade.
O local para a construção do Palácio Imperial foi escolhido pelo próprio imperador, que preferiu o Monte de Santa Cruz, do que o local aonde atualmente se encontra a Praça dom Pedro II, de frente para a rua do Imperador, logradouro sugerido pelo Major Koeler.
 Os prazos do Quarteirão Vila Imperial foram distribuídos a pessoas cujo imperador queria por vizinhos como, os nobres e diplomatas da Corte, que ali fincaram raízes construindo casas de comércio e artesanato.
 Ao redor da Vila Imperial, Koeler, elaborou os quarteirões coloniais , afim de servirem de moradia dos colonos alemães que aqui chegaram em 1845, para formarem a Imperial Colônia de Petrópolis.
 Para que os colonos se sentirem casa, o major deu aos quarteirões os nomes das localidades de origem dos colonos como:
Renânia, Palatino, Westfália, Bingen, Mosela, Siméria, Ingelheim, Castelânea, Darmstadt, Worstadt, Wormstadt, Nassau.
 Para os rios Koeler deu os nomes deu os nomes de personalidades ilustresamigas suas e importantes para o desenvolvimento e realização da Colonia de Petrópolis, como:
Paulo Barbosa, Aureliano, Porto Alegre, Simonsen, Alpoim, Ave-Lallement, entre outros...
 O cinturão verde dos quarteirões também fez parte do Plano Koeler, que planejou ruas arborizadas nas margens dos rios, com hortênsias azuis plantadas junto a magnólias e paineiras floridas. Dando a fama internacional de “cidade jardim modelo”, a Petrópolis.

O trabalho e o Plano Koeler somente foram possíveis por em praticas graças ao empenho e o esforço de colonos e autoridades em beneficio do bem comum.

Bibliografia:
RABAÇO, José Henrique. HiSTÓRIA DE PETRÓPOLIS, 1982. IHP
FROÉS. Carlos Oliveira. DETALHES INTERESSANTES SOBRE O PLANO KOELER. site: http://www.ihp.org.br/site/ acesso setembro de 2013

    Planta de Petrópolis, desenhada pelo Major Julio Frederico Koeler em 1846 

terça-feira, 19 de novembro de 2013

QUARTEIRÃO VILA IMPERIAL

Essa publicação é uma homenagem ao saudoso jornalista Álvaro Zanatta, que realizou um levantamento histórico e escreveu um livro com as histórias e as lendas das ruas de Petrópolis, “Histórias e Lendas das Ruas de Petrópolis”, que não foi publicado devido a sua morte logo após o término do livro.

O Quarteirão Vila Imperial propriamente dito não é tudo o que se popularizou chamar de Centro Histórico de Petrópolis, mas sim um hexágono quase perfeito, que nos desperta a atenção ao observarmos as plantas da cidade desde Koeler, em 1846. Formado pela primeira metade da Rua do Imperador, Rua da Imperatriz, Tiradentes, Avenida Koeler e Rua Dr. Nélson Sá Earp, que formava o “O” pequeno de caminhadas do imperador no século XIX e do presidente Vargas no século XX.
 Esse hexágono é chamado por “Villa” na planta de Koeler, e na de Reymarus de 1854 aparece um grande “I”, indicado na legenda também apenas por “Villa”. Na planta do major Taunay de 1861, encontra-se o mesmo “I” e na legenda “Cidade”. O termo Quarteirão Vila Imperial surge apenas no final do período Imperial, abolido com a República, mas surgindo em placas de esquina, com patrocínio do Touring Club do Brasil, na década de 1950.
  No Quarteirão Vila Imperial, além de ser construído o Palácio Imperial, foram vendidos ou doados lotes a membros da corte e  capitalistas do Império. Cercado pelos quarteirões coloniais, de onde provinha a mão de obra barata para as construções dos palacetes, sobrados e bangalôs da elite, chegavam também o leite, queijos, linguiças e hortaliças, produzidos e cultivados pelos colonos.
 Para ser ir da Corte a Minas Gerais subia-se, primeiramente, pela Estrada Normal da Estrela, não se passava pela Vila e prosseguia-se pela atual Estrada Mineira. Com a construção da Estrada União e Indústria, as carruagens e depois os autos, por ela passavam, vindo pela Vila Teresa e mais tarde, pelas Renânias, com a abertura da Estrada Rio-Petrópolis, em 1928 o que perdurou até a construção da Rodovia do Contorno de Petrópolis, em 1959. Também na vila se construiu a Estação da Estrada de Ferro, mais tarde Estação Rodoviária Imperatriz Leopoldina.
 O Quarteirão Vila Imperial foi palco das maiores manifestações políticas, esportivas e sociais da cidade. Centro comercial desde a fundação da Imperial Colônia de Petrópolis, nela se construiu os primeiros hotéis e teatros petropolitanos; os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário aí se encontravam, sendo também a região da maioria das agências bancárias, consultórios médicos e advocatícios.
 Aliás, a concentração da vida comercial petropolitana no Quarteirão Vila Imperial é, e sempre foi, o grande problema da cidade. Até centros atacadistas, como grandes armazéns, e mais tarde supermercados instalaram-se na Vila; por certa época, em quase toda a sua extensão. Ponto inicial dos transportes coletivos urbanos desde o século XIX, sem terminais próprios, e com estacionamento à margem das ruas e do passeio.
Todos esse fatores, tamanha concentração, fez com que, em meados do século XX se iniciasse uma corrida imobiliária desenfreada, pouco ou nada planejada pelo poder público. Antigos casarões foram progressivamente sendo derrubados para a construção de arranha-céus, na ânsia de ser “noviorque” da serra; o descendente de colono ou migrante bem sucedido, desde cedo, passou a almejar o Quarteirão Vila Imperial: vendia seus prazos, lotes ou o que fosse e mudava-se para os novos edifícios, deixando boa parte dos Quarteirões para o veranista construiu suas casas de campo e corretores inescrupulosos lotearem, legal ou ilegalmente.
 Foi no Quateirão Vila Imperial onde transitou o primeiro automóvel em Petrópolis. A primeira viagem de automóvel desde o antigo Distrito Federal (Rio de Janeiro) a Petrópolis foi realizada entre os dias 6 e 9 de março de 1908. O veículo, de marca Dietrich, aqui chegou conduzido pelo srs. Brás de Nova Friburgo, Gastão de Almeida e o chamado à época “machinista” Jean Chocolaty. Os “bravos” partiram do Rio de Janeiro na sexta-feira, 6 de março, às 13 horas, e a Petrópolis chegaram na segunda-feira, 9 de março, ao meio-dia, na Av. XV de Novembro (atual Rua do Imperador).
 O primeiro avião a sobrevoar a cidade fez evoluções sobre o Quarteirão Vila Imperial a 28 de maio de 1912, pilotado pelo aviador Frances Roland Garros (o mesmo homenageado pelo torneio francês de tênis), tornando conhecido o novo meio de transporte aos que não haviam se abalado, no mesmo dia, a uma excursão a Corrêas, onde o aviador italiano Ernesto Dariolo aterrissou e alçou vôo no antigo Prado (área ocupada hoje por um conjunto residencial e um depósito de refrigerantes). O primeiro helicóptero também sobrevoou o Quarteirao Vila Imperial  vindo do Rio de Janeiro, em 19 de novembro de 1947 e aterrissando no Quitandinha.
 A iluminação pública  no Quarteirão Vila Imperial surge a partir de 1856. Onze ano após a fundação da Colônia começam a ser instalados lampiões de azeite de baleia, malcheirosos, em postes de ferros pintados de preto. A partir de 1866 começa-se a falar sobre iluminação “mais moderna”, a gás, o que nunca saiu das intenções. Do lampião de azeite passou-se à iluminação elétrica: em 1896, através do contrato firmado (1894) entre a Câmara Municipal e o Banco Construtor do Brasil, que vai fornecer energia elétrica e água à cidade, instalam-se bicos de luz pelo centro da cidade. O contrato com o banco durou até 1939. Foram feitas melhorias na iluminação do Quarteirão Vila Imperial ainda nos anos de 1942, 1956, 1967 e 1992.
 Uma boa história ou lenda do Quarteirão Vila Imperial, contata por esotéricos ou mesmo por um tecnocrata amigo, está nas cruzes de Malta que se encontram nas pedras de meio-fio, aleatoriamente, pelas ruas que primeiro foram calçadas na Vila, ou seja, entre o final do século XIX e o inicio do século XX. Seriam marcar a indicar residências de Cavaleiros Templários? Ou a marca pessoal de algum canteiro lusitano, nacionalidade da maioria dos primeiros calceteiros petropolitanos? Seja qual for a origem, é interessante exercício procurar localizar essas cruzes nos meio-fios; indico um: em frente à porta central da Câmara Municipal, do outro lado da rua.

Álvaro Zanatta. 

Planta do Quarteirão Vila Imperial feita por Koeler em 1846

sábado, 9 de novembro de 2013

O PELOURINHO NA PRAÇA DA LIBERDADE

Petrópolis, como todas as cidades brasileiras no meado do século XIX, também possui seu pelourinho, a coluna de pedra ou madeira posta em local público, junto à qual se expunham e castigavam os criminosos.

O nosso pelourinho, de acordo com Walter Bretz, ficava na antiga praça dom Afonso, atual Rui Barbosa, porém é mais conhecida atualmente como “ Praça da Liberdade”, próximo a mansão Franklin Sampaio construída pelo Monsenhor Bacelar, aonde hoje tem o parquinho de diversão para crianças. O poste era de madeira com duas argolas de ferro as quais eram amarrados os condenados, em geral pobres escravos, a fim de sofrerem o castigo corporal imposto pela lei. Os criminosos seguiam para ali de mãos atadas e sobre forte escolta policial, percorrendo antes a pé, as principais ruas da cidade, no local de suplicio recebiam os açoites, que acreditavam serem regeneradores, sob as olhares horrorizados dos moradores da Colônia. E depois de supliciados voltavam se arrastando ou como podiam para a cadeia pública, no prédio do antigo Fórum.

Os gritos dos martirizados, perturbavam e horrorizaram os colonos que não eram acostumados com tamanha barbaridade, entre eles o Hees e os Glassow, que possuíam um comércio nas proximidades da praça.  

Fonte:
Jornal de Petrópolis, Edição de Natal, 24/12/1972


segunda-feira, 4 de novembro de 2013

CURIOSIDADES PETROPOLITANAS

  A 1ª notícia que se supõe haver do território de Petrópolis é a relata por Pedro Lopes de Souza, no Diário de Navegação da expedição de Martim Afonso de Souza, chegada no Rio de Janeiro em 30 de abril de 1531, no qual está escrito o seguinte: “Montanhas mui grandes”, existente nas proximidades do Rio de Janeiro e por ele escaladas a caminho das Minas.

 O 1° proprietário das terras do futuro “Córrego Seco” foi Bernardo Soares de Proença, datando de 11 de novembro de 1721 seu requerimento de concessão da sesmaria onde estavam elas localizadas.

·         Saturnino de Souza e Oliveira Coutinho, nascido no Córrego Seco em 29 de novembro de 1803, viria a ser o primeiro petropolitano ilustre.

·         Teve lugar em 3 de março de 1840, na fazenda do Itamarati, o 1° batizado evangélico luterana realizado na futura Petrópolis.

·         O inicio do aforamento dos Prazos de terra da Imperial Fazenda de Petrópolis, teve lugar a 1° de junho de 1847, tendo sido Honório Hermeto Carneiro Leão, o Marquês de Paraná, a quem coube o Prazo n° 2201 do Quarteirão Palatino Superior, o Foreiro n° 1.

·         O 1° verão passado em Petrópolis pela Família Imperial foi o de 1847-1848, quyando se hospedaram na Casa Grande da Fazenda do Córrego Seco.

·         O Hotel Bragança de propriedade do Dr. Thomas Chabonnier é inaugurado em 25 de novembro de 1848 foi o 1° hotel que existiu em Petrópolis.

·          Data de 8 de outubro de 1848 a criação da Agência do Correio de Petrópolis, da qual foi o 1° agente Antonio José Correia Lima que entrou em exercício em 9 de novembro do mesmo ano.

·         O Palácio Imperial foi habitado pela 1ª vez pela Família Imperial a 1° de  dezembro de 1849, quando o prédio ainda se estava inacabado.

·         O primeiro templo católico construído na Colônia foi a Capela provisória erguida à Rua da Imperatriz pela Super Intendência e entregue ao vigário Antonio Weber em 8 de outubro de 1848.

·         O 1º médico de Petrópolis foi o dr. Guilherme Boedecker, nomeado em 16 de julho de 1845 pela Imperial Fazenda de Petrópolis.

·         O terreno do 1° cemitério, sito local onde hoje se encontra a igreja do Sagrado Coração de Jesus, foi mandado benzer em 1° de agosto de 1845 pelo Bispo do Rio de Janeiro.

·         As duas escolas públicas primárias de Petrópolis, foram criadas a 26 de outubro de 1846, pelo Presidente da Província, Aurelino Coutinho, destinando-se uma a meninos e outra a meninas.

·         A cerimônia o casamento civil teve lugar pela 1ª vez em Petrópolis a 8 de junho de 1890, sendo nubentes Carlos Guilherme Alberto Eckhardt  e Ana Maria Esch.

·         A iluminação pública a querosene foi inaugurada em 20 de janeiro de 1873.

·         O telégrafo elétrico começou a funcionar entre Rio de Janeiro a 1° de agosto de 1857, sendo José Francisco de Matos o 1° encarregado da estação local.

·         A primeira corrida de cavalos realizada pelo Joquei Clube de Petrópolis teve lugar a 23 de agosto de 1857, no prado de Fragoso.

·         As primeiras eleições municipais foram realizadas em 22 de novembro de 1857, sendo porém anuladas. As válidas só tiveram lugar a 13 de março de 1859.

·         O Teatro Progresso Petropolitano, na rua do Imperador, foi o primeiro que existiu em Petrópolis, datando de 6 de dezembro de 1857 sua inauguração .

·         O 1° trecho da Estrada União e Indústria, compreendido entre Vila Tereza e Pedro do Rio, com extensão de 33 km foi inaugurado a 1° de agosto de 1858.

·         O Bacharel Antonio Moreira Tavares nomeado a 7 de outubro de 1851, foi o primeiro Juiz Municipal do Termo de Petrópolis.

·          O Colégio Kopke, inaugurado a 1° de janeiro de 1850 à rua Nassau ( atual Piabanha) foi o primeiro estabelecimento de ensino secundário de que existiu em Petrópolis.

·         A Irmandade do S.S. Sacramento da Freguesia de São Pedro de Alcântara, foi a primeira que existiu em Petrópolis, fundada em 31 de dezembro de 1853.

·         O primeiro trem da Companhia de Navegação a Vapor e a Estrada de Ferro de Petrópolis, o 1º do Brasil e da América do Sul, correu a 30 de abril de 1854 no trecho compreendido entre as localidades de Mauá e Fragoso.

·         O leilão do prédio e terreno no Hotel Suiço, levado a feito em 30 de abril de 1855, foi o primeiro realizado em Petrópolis.

·         A revolta contra a Diretoria da Colônia, Alexandre Manuel Albino de Carvalho, irrompida em 26 de março de 1865 por instigação do Pastor Wiedman, foi o 1° ato de insubordinação dos colonos de Petrópolis.

·         Foi em 13 de fevereiro de 1857 que começou a funcionar o Matadouro da Westiphália (atual Av. Barão do Rio Branco aonde hoje é o Colégio Liceu Carlos Chagas) deixando-se em conseqüência de abater gado na Praça dom Afonso ( hoje Praça da Liberdade).

·         O primeiro jornal editado foi “O MERCANTIL” de Bartolomeu Pereira Sodré, em  3 de março de 1857.

·         A 1ª Barreira Fiscal instalada em nossas estradas foi a do Alto da Serra, que começou a funcionar em 15 de janeiro de 1859.

·         O dr. Antonio Moreira  Tavares, empossado a 14 de janeiro de 1859 foi o 1° Delegado de Polícia de Petrópolis.

·         O primeiro templo luterano construído em nossa cidade foi da Rua Joinville (atual Av. Ipiranga) inaugurado em 24 de maio de 1863.

·         O dr. Julius Frederich Lippold foi o primeiro pastor evangélico luterano, datando de 1846 a sua nomeação.

·         A primeira fábrica de tecidos que funcionou em Petrópolis, foi de malha, de propriedade de Alfredo Gandi, inaugurada em 2 de dezembro de 1852.

·         O Fórum de Petrópolis foi instalado em 4 de agsoto de 1859, sendo os drs. José Caetano de Andrade Pinto e Julio Accioli de Brito, respectivamente os primeiros Juiz de Direito e Promotor Público.