sábado, 17 de agosto de 2013

DIA DE SÃO PEDRO DE ALCÂNTARA EM 1845

Carta do Mordomo Paulo Barbosa ao Imperador D. Pedro II. 

 “Petrópolis começa a ser não um sonho, mas uma realidade,. Já aqui se festejou o dia 19 do corrente, com uma festa sui generis. Na véspera iluminada a casa em que Vossas Majestades Imperiais estiveram reuniu-se a Colônia, e um concerto em coros entoou um hino com letras Vossa Majestade Imperial, a Sua Majestade a Imperatriz e ao Senhor D. Afonso calcadas sobre a música do hino “Deus salve o Rei” dos Ingleses, tão bem executada, que nos toucou muito.
 Ao amanhecer foi salvado o dia com 21 roqueiras. Às 10 horas reuniu-se a Colônia de mais de 2.500 indivíduos vestidos o melhor que puderam e cobertos de flores e palmas campestres, e a porta do edifício lhes passaram revista o Presidente da Província e eu seguidos do Major Koeler, do Conselheiro Magalhães, do Padre Protestante, do Doutor e de muitos cidadãos empregados e de outros que acorreram.
 Passada a revista, fomos para a Praça da Confluência (que linda é) onde estava armado um altar com a imagem do Redentor revestido. O Padre pregou um sermã explicativos do Evangelho do dia, e depois exortou a Colônia ao amor, respeito e gratidão a Vossa Majestade Imperial, cujo dia era.
Não sei o que lhes disse, que tanto os tocou, pois viram-se correr de todos lagrimas e ternura (nós não fomos isentos desta sensação). Neste momento Aureliano deu vivas a Vossa Majestade Imperial. Nunca vi tanto entusiasmo!! Os homens, as mulheres, os meninos, todos perderam a cabeça de entusiasmo e gratidão.
Procedeu-se ao batismo de alguns meninos mais perigosos dos quais, eu e Aureliano fomos padrinhos, ficando os que estão em boa saúde, reservados para quando Vossa Majestade Imperial vier a sua Colônia, pois eles assim o querem.
Festões de flores, arcos de ramagens, cânticos respeitosos e religiosos era o que se via e ouvia.
Findo o ato religioso praticado com todo respeito e acatamento que envergonhava os católicos que estavam presentes desfilou perante nós, a Colônia e foram para as suas cabanas e casa, e nós os fomos visitar, não todos, porque a Colônia de Petrópolis, já não se pode visitar em quatro dias.
 Estou comendo hortaliças por eles cultivadas, em lugares até o presente desconhecidos digo até o dia de São Pedro, em que por um acaso, que não pode deixar de ser determinação celeste começou a Colônia Imperial de Petrópolis, 29 de Junho.”


Fonte: Tribuna de Petrópolis, 30 de Outubro de 1955

São Pedro de Alcantâra