Carta do Mordomo Paulo Barbosa ao
Imperador D. Pedro II.
“Petrópolis começa a ser não um sonho, mas uma
realidade,. Já aqui se festejou o dia 19 do corrente, com uma festa sui generis. Na véspera iluminada a casa
em que Vossas Majestades Imperiais estiveram reuniu-se a Colônia, e um concerto em
coros entoou um hino com letras Vossa Majestade Imperial, a Sua Majestade a
Imperatriz e ao Senhor D. Afonso calcadas sobre a música do hino “Deus salve o
Rei” dos Ingleses, tão bem executada, que nos toucou muito.
Ao amanhecer foi salvado o dia com 21
roqueiras. Às 10 horas reuniu-se a Colônia de mais de 2.500 indivíduos vestidos
o melhor que puderam e cobertos de flores e palmas campestres, e a porta do edifício
lhes passaram revista o Presidente da Província e eu seguidos do Major Koeler,
do Conselheiro Magalhães, do Padre Protestante, do Doutor e de muitos cidadãos
empregados e de outros que acorreram.
Passada a revista, fomos para a Praça da
Confluência (que linda é) onde estava armado um altar com a imagem do Redentor
revestido. O Padre pregou um sermã explicativos do Evangelho do dia, e depois
exortou a Colônia ao amor, respeito e gratidão a Vossa Majestade Imperial, cujo
dia era.
Não sei o que lhes disse, que
tanto os tocou, pois viram-se correr de todos lagrimas e ternura (nós não fomos
isentos desta sensação). Neste momento Aureliano deu vivas a Vossa Majestade
Imperial. Nunca vi tanto entusiasmo!! Os homens, as mulheres, os meninos, todos
perderam a cabeça de entusiasmo e gratidão.
Procedeu-se ao batismo de alguns
meninos mais perigosos dos quais, eu e Aureliano fomos padrinhos, ficando os
que estão em boa saúde, reservados para quando Vossa Majestade Imperial vier a
sua Colônia, pois eles assim o querem.
Festões de flores, arcos de
ramagens, cânticos respeitosos e religiosos era o que se via e ouvia.
Findo o ato religioso praticado
com todo respeito e acatamento que envergonhava os católicos que estavam presentes
desfilou perante nós, a Colônia e foram para as suas cabanas e casa, e nós os
fomos visitar, não todos, porque a Colônia de Petrópolis, já não se pode
visitar em quatro dias.
Estou comendo hortaliças por eles cultivadas,
em lugares até o presente desconhecidos digo até o dia de São Pedro, em que por
um acaso, que não pode deixar de ser determinação celeste começou a Colônia
Imperial de Petrópolis, 29 de Junho.”
Fonte: Tribuna de Petrópolis, 30 de
Outubro de 1955
São Pedro de Alcantâra