Os casos policiais abaixo
selecionados foram retirados dos jornais: Cidade de Petrópolis, Tribuna de
Petrópolis e o O Commércio. Entre o período de 1904 a 1929. O mais interessante
desses casos é a forma que eles são escritos com um tom de humor e a grafia do
Português da época, hoje pode parecer engraçado mais naquele tempo a coisa era
séria!
O interessante desses casos
é comparar com os atuais casos de policia do jornais de hoje, por exemplo:
Em 1904 era comum o furto de galinhas, e era publicado no jornal desse
jeito:
FURTO DE GALLINHAS
“Um moleque pernóstico de quem a
policia não sabe o nome, viu no quintal da casa n. 404 da Avenida Ypiranga,
residencia do sr. João Rekel, uma gallinhas que lhe despertarão a cobiça, o
moleque não as queria para fazer dellas uma boa canja e foi vendel-as na rua
Floriano Peixoto. E agora a policia anda a procura do moleque pernóstico que
negociou as gordas gallinhas do sr. Rekel”.
Mas hoje em dia na Tribuna de Petrópolis encontramos noticias de furto
de celulares, tablet’s, computadores, como nessa notícia que não tem um tom de
humor como em 1904:
“O crime teria ocorrido por volta
das 19h. A vítima acionou a Polícia Militar e comunicou que a casa teria sido
invadida e que um tablet, um modem de computador e um celular haviam sido
levados. Ele indicou o próprio cunhado como suspeito do crime.”
JORNAL CIDADE DE PETRÓPOLIS
UM
ESCANDALO - 08/07/1914
“Hontem
pelas 21 horas quem passasse pela Avenida Marechal Deodoro, ficaria horrorizado
e levaria até a mão aos ouvidos, taes as palavras que alli se ouviam. É que uma
moreninha que, ao que parece não estava muito christã, lembrou-se de fazer
encrenca com o homem da Padaria das Famílias com descompostura, no mais baixo
escalão. O facto causou escandalo que a policia envergonhada com tanta
descompostura não compareceu ao local”.
UMA
QUEIXA - 20/07/1914
“Veiu
hontem a nossa redacção o preto Casemiro Jorge, queixando-se de que tendo sido
roubado em grande quantidade de gallos e galinhas, por Maria de tal, amastada
com Manoel Adão, communicou o facto a policia para que devolva as aves, se é
que ainda não as ensôpou com batatas”.
UM
ESCANDALO NO THEATRO XAVIER - 23/02/1916
“Durante
a exhibição de um film hontem à noite, no Theatro Xavier, o funccionario
municipal sr. Bento Borges, tambem conhecido por Bentóca, teve a audacia de
querer bolinar uma senhora da nossa melhor sociedade casada. O marido tendo
presenciado o acto praticado por Bentóca lhe deu um socco forte, onde o
funccionario ficou com a fachada em misero estado”.
PEDIDO
DE PROVIDENCIAS - 14/07/1916
“Varios
moradores do Alto da Serra, nas proximidades do Hotel Villa Thereza,
solicitaram providencias ao sr. Dr. Odorico Antunes, delegado de policia contra
o grande numero de mulheres da vida facil que moram naquelle hotel que é de
propriedade de Francisco de tal, vulgo Chico Banana”.
JORNAL TRIBUNA DE PETRÓPOLIS
RAMEIRAS
- 14/10/1909
“Em
frente á redacção desta folha há uma “cabeça de porco”, onde mora um grande
numero de rameiras, que primam pelo mau comportamento e algazarra. Por isso
chamamos a attenção das autoridades”.
FEITICEIRO
- 18/06/1910
“O
feiticeiro Guilherme de Menezes vulgo “Pae Quilombo”, preso hontem no Morin,
foi posto em liberdade, depois de terem prestado fiança pelos negociantes
Henrique e Francisco S..... Na casa do mandingueiro, á autoridade local,
apprehendeu grande numero de cartas, vidros, hervas e outros objetos usados
pelo Pae Quilombo em suas feitiçarias”.
CARTOMANTE
PRESA - 16/10/1912
“Maria
Rosa dos Anjos, foi presa hontem na estação da Leopoldina, onde, em estado de
embriaguez, promovia regular escândalo. A bruxa trazia em seu poder um baralho
de cartas, dente de alho, unha de preguiça e outros objetos. Foi parar no
xadrez, tendo o feitiço virado contra a feiticeira”.
OS
MENDICANTES PERIGOSOS - 29/10/1916
–
Nunca será de mais tudo quanto se disserem contra a vexatória e perigosa
imunidade que gozam, em Petrópolis, os falsos mendigos, que exploram a caridade
publica. É o que se observa em nossa cidade do grande mal social que percorrem
as nossas avenidas, aos sabbados, de ambos os sexos e todas as edades. Ainda
hontem, esta folha referiu um caso curioso ocorrido entre um mendigo e um
garoto moleque que por alli perambulava, e que entendeu de se divertir com o
“pobre” falando gracejos delle, quando o mendigo atirou para o lado a suposta
muleta que o sustentava, sacando do bolso contra o moleque um revólver, onde
tentou descarregá-lo sobre o menor. A polícia deve encontrar esse mendicante
audaz e perigoso.
MATANDO
UMA GAMBÁ - 24/04/1917
“Tendo
sido detonados dois tiros de revolver em plena avenida 15 de Novembro ás 10
horas da noite, compareceu ao local o dr. Alvaro de Oliveira subdelegado de
policia, onde soube que os referidos tiros haviam partido de um estabelecimento
de seccos e molhados, junto ao Café Vista Alegre. O seu proprietário, o
sr. João Lourenço atirará sobre uma
“gambá” que subia a parede pelo cano conductor de águas. Conseguindo matar o
animal a bala, atravessando-lhe o corpo, penetrou as paredes de um dos commodos
do sobrado do Café Vista Alegre e por pouco que não attingiu a uma mulher que
alli pernoitava”.
UMA
ONÇA - 19/02/1919
“Petrópolis
está completamente mudada, hontem um facto importante dominou todos os
espíritos em dado momento. Na rua Westphalia, este bello e pittoresco recanto,
appareceu uma onça onde ninguém pôde explicar como o pequenino tigre apareceu
em frente a casa do ministro das Relações Exteriores causo geraes
apprenhensões. Que fazer? Com o bicho acocorado num dos galhos, deixal-o com
vida era uma imprudência. Mas quem seria o executor da pena? Não demorou em
apparecere o sr. Eugenio Ferraz de Abreu, auxiliar do gabinete do sr. barão do
Rio Branco que voltou a sua casa para pegar sua espingarda onde fez um tiro
certeiro na cabeça do animal que cahiu no chão sem vida. Grandioso feito,
mereceu os applausos calorosos de todos”
A
MALANDRAGEM – 17/04/1919
“A Malandragem que se vão desenrolando de um
tempo em nossa cidade, estão exigindo enérgicas medidas policiaes para a
repressão dos inúmeros delictos commetidos por elementos estranhos, onde em sua
maioria passam o dia e a noite em botequins bebendo onde o palavreado e
atitudes ferem a moral publica. Outros permanecem durante o dia nos infectos
casebres, que tomam por aluguel em quarteirões afastados da cidade, sahindo
apenas á noite para praticar roubos nos quintaes e casas, ou depredando e
quebrando lâmpadas da iluminação publica pelas ruas da cidade”
UM
APITO QUE INCOMMODA - 28/04/1919
“É
da Fábrica São Pedro de Alcantara o apito que, pela manhã, incommoda todos os
moradores da circumvizinhança, pertubando-lhes o sonno. Não é que desejem que
seja abolido aquelle meio de chamar ao trabalho o pessoal da fabrica; querem
apenas que o machinista se lembre de que há gente a dormir áquellas horas
matinaes”
PERDEU
A MULHER - 11/01/1920
“José
Sergio de Almeida compareceu hontem na delegacia de policia, a fim de pedir
providencias no sentido de ser descoberto o paradeiro de sua mulher, Elvira
Maria que desapareceu na porta do edificio da Prefeitura enquanto elle foi
pedir emprego, quando voltou não a encontrou mais”.
TREMOR
DE TERRA - 28/01/1922
“Ás
quatro horas da manhã de hontyem foi sentido nesta cidade, um phenomeno
scismico, dando lugar a que diversas pessoas acordassem sobressaltadas. Em
alguns pontos da cidade o abalo foi muito mais sentido que em outros”.
NOTAS
POLICIAES - 16/06/1923
“O
dr. Alfredo Rudge, digno delegado de policia impediu antehontem que visitassem
a cidade um bando de ciganos, fazendo-os retroceder do Alto da Serra, afim de
“pregarem” em outras terras...Foi uma boa medida, porquanto é sabido, ser
aquelle elemento nocivo ao meio social”.
ABAIXO
AS ESPELUNCAS – 12/01/1924
Recebemos
hontem a seguinte carta: “Como leitores assíduos desse respeitável orgão de
publicidade, vimos pelo presente prestar nossa solidariedade pela campanha
contra as espeluncas e casas de jogos que infestam a nossa formosa cidade.
Pedimos a fineza de denunciar pelo seu jornal ás autoridades competentes a
Villa Ipyranga, á rua José Bonifácio, transformada em pensão chic, onde se
reunem moços bonitos e mulheres de vida fácil, promovendo escandalos diarios,
principalmente á noite, e pertubando o socego e o decôro das familias e
moradoras na referida rua”.
UM
MENINO COM DUAS CABECAS! - 23/03/1929
“A
propaganda de certas casas comerciais, em Petrópolis passam dos limites. – No
município de Muriahé nasceu uma creancinha de nome Alipio, com duas cabeças. O que
impressionou mais foi o seguinte: A primeira cabeça perguntou a segunda: Qual é
a casa de Petrópolis que vende mais barato? E a segunda cabeça respondeu: É a
casa Pedro Jorge na avenida 15 de Novembro n. 477”.
JORNAL O COMMÉRCIO
PÓ
DE OSSO DE DEFUNCTO, SAPO SECCO, PELLE DE COBRA, CAL DE COVA... - 25/01/1924
“Armando
Mescla, é um homem de espirito e perversidade de feiticeiro. Tendo uma questão
com o seu visinho Gil Garaza, morador na Presidência n. 635, o Mescla resolveu
por questões de dasaffecto com a família de Gil fazer uma mistura de coisas
repugnantes de coisas occultas que surrupiou no cemitério para envenenar
pessoas da familia, começou com a criação de gallinhas de Gil que desconfiada
das mortes das aves comunicou a sua desconfiança contra o feiticeiro, onde a
mesma fez uma busca em sua casa onde encontraram em seu poder vários
ingredientes que o perverso manipulava em forma de xarope”.
DESFAZENDO
UMA DUVIDA – ERA MESMO MULHER - 10/06/1925
“Com
o seu todo masculino, embora usasse saias, a preta Maria Luiza Ramos, residente
em Cascatinha fazia levantar duvidas a respeito do seu sexo. Foi encarregado de
apurar a verdade o agente Castro que se saiu admiravelmente do encargo
apresentando um laudo que fica provado que a Maria é mesmo mulher. Devia ser
interessante saber como foi que o Castro soube.....”.
UM
PRECIOSO ACHADO – TOXICOS EM PETRÓPOLIS - 15/09/1927
“Um
precioso achado, feito numa casa da rua José Bonifacio onde em tempos
funccionou um bordel elegante, veiu-se a saber que também em Petrópolis há
aspiradores do “pó” e quem o vende occultamente. No esgoto desse predio foram
encontrados 115 vidros de cocaina, alguns ainda cheios, que só poderiam ter ali
sido occultados quando na casa funccionava a famosa Pensão das Margaridas. A
sua proprietaria, que hoje explora uma casa similar na av. Mem de Sá, no Rio,
anda ás voltas com a policia”.
QUIZ
MORALIZAR A ZONA, MAS APANHOU - 15/12/1928
“Na
casa n. 615, da rua Quissamã, reside há muito tempo o sr. José Moreira da
Silva. Se esteve em paz até há pouco, essa tranquilidade deixou de existir
desde que nos fundos daquelle predio foi residir um grupo de mulheres, com as
quaes o José da Silva não quer o menor trato. Importunado com a barulhada que
essas mulheres fazem principalmente á noite, ao esfregar os olhos de sono, o
José foi bater lhe á porta, intimando-as as a moderarem. Antes não o fizesse,
porque as damas cairam-lhe em cima, sovando o a valer. O José abriu as guelas,
despertando o senhorio, que tomando as dores do sexo fraco ainda o ameaçou de
despejo. Mais tarde, depois de recompor-se a refrigerar a pelle com applicações
de arnica, o fracassado apostolo da moralidade foi queixar-se a subdelegacia”.
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