José Kopke Froés
Em Petrópolis no tempo do Império, 31 de Maio
foi sempre um dia festivo: realizava-se com grande pompa, na antiga Igreja
Matriz; o encerramento das solenidades religiosas que durante todo o mês era
celebradas em adoração à Santíssima Virgem Maria, com o comparecimento quase
diário da Família Imperial, e sobretudo da Princesa Isabel, que não faltava
nunca.
Nem mesmo no dia 13 de Maio de 1888, quando
Princesa Regente, deixou Sua Alteza de fazer suas orações durante a ladainha da
Matriz petropolitana, embora tivesse chagado da Corte pouco antes, onde
promulgara a Lei de libertação dos escravos. Ao terminar a cerimônia religiosa,
naquele mesmo 13 de Maio, repetiram-se as vibrantes manifestações populares de
que tinha sido alvo por ocasião da sua chegada à estação de Petrópolis.
A pesar do frio intenso, muito mais rigoroso
que o de hoje, os Imperadores deixavam-se ficar em nossa cidade durante quase todo mês de Maio,
mesmo nos últimos de governo, quando em idade avançada, unicamente para
prestigiar sua querida filha na organização das referidas solenidades
religiosas, até o ultimo dia, no qual era realizada, a coroação de Nossa Senhora.
Nos dois ou três primeiros dias de Junho, os
Imperadores regressavam à Capital do Império, e suas ausências aqui, se bem que
certas, eram muito sentidas pela população. Todos os anos, dom Pedro II, não
partia sem visitar a Escola do Amparo, o Hospital Santa Tereza, diversas
escolas públicas e colégios particulares, onde deixava palavras de conforto e
de estimulo, distribuindo também valiosos donativos.
Muito antes de anoitecer, os jardins das
praças públicas próximas à Igreja Matriz estavam repletas de pessoas de todas
as classes sociais, aguardando a abertura do templo para conseguir bons
lugares, de onde pudessem assistir a empolgante solenidade do encerramento do mês
de Maria. Eram moradores dos bairros mais distantes, de todos os extremos da
cidade, operários, colonos alemães e seus descendentes, quase todos católicos
fervorosos, que faziam a pé longas caminhadas para prestigiar a religião e a Princesa
Isabel.
As mais distintas damas da Côrte, na execução
de belas ladainhas, tomando a si o encargo da ornamentação da Igreja, em cujo
altar, ricamente enfeitado com camélias brancas, a imagem da Virgem Maria
aguardava a colocação, em sua cabeça, da coroa levada por lindos anjos,
representados por meninas das famílias ilustres.
O povo enchia completamente todas as dependências
da pequena Matriz. Na maior parte das vezes os homens ficavam do lado de fora,
cedendo num gesto de cavalheirismo, os lugares do interior às senhoras e
crianças. A cerimônia, bastante longa, era assistida com todo interesse,
respeito e devoção até o final, quando o povo abria alas à passagem de SS.MM.
Imperiais, num tom de despedida, porque, como acima dissemos, dias depois
partiam para o Rio de Janeiro.
Valiosos presentes recebia no mês de Maio a
nossa principal Igreja: eram ricos e belos tapetes, custosas peças de renda e
bordados, imagens e muitos outros. Os melhores pregadores da época,
pertencentes ao clero, vinham a Petrópolis prestar o seu concurso na propagação
da fé católica.
Texto publicado na Tribuna de
Petrópolis em 31 de Maio de 1944.
A Matriz Velha, inaugurada em 1848, vista dos jardins do Palácio Imperial (Museu Imperial), foto de 1860
Olá Frederico, e onde ficava exatamente essa antiga igreja?
ResponderExcluirParece que é a atual catedral de Petrópolis.
ExcluirOnde hoje é a RUA OSCAR WEINSXHENCK, paralela à atual RUA DA IMPERATRIZ, antiga RUA 7 DE SETEMBRO. do outro lado da rua do MUSEU IMPERIAL.
ExcluirOnde hoje é a RUA OSCAR WEINSXHENCK, paralela à atual RUA DA IMPERATRIZ, antiga RUA 7 DE SETEMBRO. do outro lado da rua do MUSEU IMPERIAL.
ExcluirWEINSCHENCK***
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