MORRE
JOSÉ REUTHER – O PROFESSOR PARALÍTICO DA MOSELLA
A morte, a 21 do corrente, de José Reuther,
teve larga e dolorosa repercussão, tão conhecido se tornara, na cidade, o nome
do “aleijadinho da Mosella”.
Acometido de uma enfermidade que lhe
paralisara os movimentos Reuther nunca teve uma palavra de revolta contra o
cruel destino. Resignado, jamais deixou escapar qualquer blasfêmia em face que
suas condições lhe impunham e na qual, por certo, encontraria amparo dos
corações generosos.
O
inditoso conterrâneo procurou trabalhar e se tornou sobremodo útil. Inteligente,
estudioso, aproveitou muito as lições de seus mestres e, então, também se fez
professor, ensinando as primeiras letras a um sem números de crianças que
sucessivamente passaram pelos pobres bancos de sua escola. Numa cama, onde se
lhe prolongavam os sofrimentos sem que ele se queixasse do infortúnio dirigia
os trabalho todos os dias.
Um
dia, na ânsia de tornar mais eficiente e menos dispendicioso o ensino a seus
pequenos , Reuther pleiteou ao governo do município um auxilio à sua escola “Escola
Tudo pela Pátria”. Nessa ocasião como prefeito o sr. Carlos Magalhães Bastos e
como diretor de Educação, o Dr. Nereu Pestana Rangel, e por louvável gesto de benemerência,
de humanidade e de justiça, da parte destes distintos cavalheiros, o paupérrimo
colégio obteve uma subvenção mensal de 200$000, concedida pelo então prefeito
Cardoso Miranda e mantida até agora.
José
Reuther, que contava com 49 anos e vivia também da venda de imóveis e objetos,
do que se encarregava por meio de pequenos anúncios nos jornais dos quais ele próprio
fazia o preço, era solteiro, fazendo-se sempre cercar de seus alunos e
amiguinho. Porque era um bom, um virtuoso, um cidadão que merecia todos não só
piedade, mas também acatamento.
“Pequena
Illustração” tinha nele grande admirador que fez questão de assinar o semanário,
ao qual de vez em quando nos dava noticia de sua escola. Em cada aniversario do
jornal era um dos primeiros a nos felicitar,e quando já estranhávamos não haver
surgido um cartão seu a proposto de nossa grande edição, surpreendeu-nos a
noticia de seu passamento-epílogo de uma existencia dobrada ao peso de dores físicas
e morais, porem ao mesmo tempo, a lhe iluminar a alma, bela e nobre exemplo de
Patriotismo, humildade, trabalho, perseverança e sobretudo, de extrema
resignação.
Fonte:
Jornal – “Pequena Illustração” de 27 de setembro de 1942
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