sábado, 13 de setembro de 2014

JOSÉ REUTHER, O PROFESSOR PARALÍTICO DA MOSELA

MORRE JOSÉ REUTHER – O PROFESSOR PARALÍTICO DA MOSELLA

 A morte, a 21 do corrente, de José Reuther, teve larga e dolorosa repercussão, tão conhecido se tornara, na cidade, o nome do “aleijadinho da Mosella”.
 Acometido de uma enfermidade que lhe paralisara os movimentos Reuther nunca teve uma palavra de revolta contra o cruel destino. Resignado, jamais deixou escapar qualquer blasfêmia em face que suas condições lhe impunham e na qual, por certo, encontraria amparo dos corações generosos.
O inditoso conterrâneo procurou trabalhar e se tornou sobremodo útil. Inteligente, estudioso, aproveitou muito as lições de seus mestres e, então, também se fez professor, ensinando as primeiras letras a um sem números de crianças que sucessivamente passaram pelos pobres bancos de sua escola. Numa cama, onde se lhe prolongavam os sofrimentos sem que ele se queixasse do infortúnio dirigia os trabalho todos os dias.
Um dia, na ânsia de tornar mais eficiente e menos dispendicioso o ensino a seus pequenos , Reuther pleiteou ao governo do município um auxilio à sua escola “Escola Tudo pela Pátria”. Nessa ocasião como prefeito o sr. Carlos Magalhães Bastos e como diretor de Educação, o Dr. Nereu Pestana Rangel, e por louvável gesto de benemerência, de humanidade e de justiça, da parte destes distintos cavalheiros, o paupérrimo colégio obteve uma subvenção mensal de 200$000, concedida pelo então prefeito Cardoso Miranda e mantida até agora.
José Reuther, que contava com 49 anos e vivia também da venda de imóveis e objetos, do que se encarregava por meio de pequenos anúncios nos jornais dos quais ele próprio fazia o preço, era solteiro, fazendo-se sempre cercar de seus alunos e amiguinho. Porque era um bom, um virtuoso, um cidadão que merecia todos não só piedade, mas também acatamento.
“Pequena Illustração” tinha nele grande admirador que fez questão de assinar o semanário, ao qual de vez em quando nos dava noticia de sua escola. Em cada aniversario do jornal era um dos primeiros a nos felicitar,e quando já estranhávamos não haver surgido um cartão seu a proposto de nossa grande edição, surpreendeu-nos a noticia de seu passamento-epílogo de uma existencia dobrada ao peso de dores físicas e morais, porem ao mesmo tempo, a lhe iluminar a alma, bela e nobre exemplo de Patriotismo, humildade, trabalho, perseverança e sobretudo, de extrema resignação.

Fonte: Jornal – “Pequena Illustração” de 27 de setembro de 1942