domingo, 30 de junho de 2013

SIGNIFICAÇÃO DO DIA 29 DE JUNHO

Guilherme Auler

 Quem nos indica a data, que comemoramos hoje, é o Presidente da Província Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho. Lemos, no seu Relatório de 1° de Março de 1846, a seguinte afirmação: foi em 29 de Junho do ano passado, dia de São Pedro, padroeiro da futura paróquia petropolitana, que ali chegaram os primeiros Colonos Alemães."
 E, os nomes pioneiros apareceram, num dos balancetes da construção do Palácio Imperial, com a assinatura do Major Julio Frederico Koeler, a propósito de gratificações distribuídas por Dom Pedro II. São eles, segundo alfabética de famílias:

Henrique, Jacó e Sebastião,BRAHM;
Francisco Xavier e Inácio, BUMB;
Frederico DEIBERT;
Martim DEISTER;
Felipe I, Felipe II, Frederico, João e Valetim ERBES;
Antonio, Henrique e João Esch;
Frederico e Jacó HOENES;
Pedro HUSCH;
Bernardo HUTTER;
João, José IDSTEIN;
Frederico KUHN
Pedro José KRATZ;
Guilherme KLIPPEL;
João LOOS;
Guilherme, Henrique, João, Jacó e Jorge MONKEN;
Guilherme, João, Jacó I, Jacó II, Pedro, Antonio e Nicolau NICOLAI;
Felipe e Luis PETRI;
João e Jorge de ROCHE;
Frederico I, Frederico II, Valentim SCHEID;
Jorge SCHARZ;
Guilherme e Jacó SCHWEICKART;
Felipe WAGNER;
Matias WEIAND.

 Esse 53 colonos, pertencentes a 26 famílias diversas, com suas mulheres e filhos, totalizam certamente os 140 a que se refere o Major Koeler, no seu ofício de 30 de Junho de 1845.
 Mas a significação do dia 29 de Junho, início do povoamento da primitiva Fazenda do Córrego seco, e portanto data da maior grandeza na história local, surge em todos os depoimentos, em todas as fontes, em unânime concordância.
 Declara-o Dom Pedro II, ao referir-se à Casa Grande da Fazenda do Córrego Seco: "Nesta casa moramos nós, em fim de 47 e princípio de 48, a primeira vez que fomos a Petrópolis, depois de estabelecida a Povoação".
 Afirma-o o Mordomo Paulo Barbosa da Silva na sua carta de 5 de setembro de 1845, dirigida ao imperador: "O que era, há quatro meses, matas virgens, é hoje uma povoação branca, industriosa, alegre e bendizente de V.M.I.". Informa o Major Julio Frederico Koeler, em oficio ao Vice-Presidente da Província, que na chegada dos Colonos, "só havia terra, água e mato". E acrescenta: um único edifício existia, a sua residência, aliás a Casa Grande da Fazenda.
 Outros depoimentos de maior valor, inteiramente insuspeitos encontramos nas palavras de contemporâneos, como Tenente-Coronel Galdino da Silva Pimentel e o também Tenente-Coronel Alexandre Manoel Albino de Carvalho ambos Diretores da Colônia. O primeiro escreve, no seu Relatório de 1848: "E fora de Dúvida que este povoado, que apenas conta quatro anos de existência...". Enquanto o segundo, com a perspectiva de um decênio, no seu Relatório de 1854 comenta: "Remontando à sua origem, observa-se que Petrópolis não existia há dez anos, e que em seu lugar tão somente havia uma Fazenda, denominada Córrego Seco, quase toda coberta de mato contando uma casa de vivenda e dois ou três ranchos de tropeiros"...
 Acha-se, pois, situada a significação do 29 de Junho, pelo pensamento do Imperador, do Mordormo, do próprio Koeler, e dos Diretores da Colônia. relembramos na data, o começo do povoamento de Petrópolis com a chegada dos primeiros colonos. São eles quem se espalham pelos Quarteirões e constroem, com o seu trabalho perseverante, a cidade.
 Ninguém luta em benefício de prioridades, primazias. Rendemos, sim, homenagem à memória dos pioneiros, que possuem a glória indiscutível o povoamento de Petrópolis.
 Desmintam se quiserem, as palavras do Imperador, do Mordomo, de Koeler e de outros contemporâneos...

Tribuna de Petrópolis, 29 de Junho de 1966


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