Muito
se fala em culto ecumênico realizado em Petrópolis entre a Igreja Católica e a
Igreja Luterana em 1845 por ocasião da chegada dos colonos germânicos na cidade
de Petrópolis, porém igreja Católica só se integrou ao movimento ecumênico na
década de 1960, por meio do papa João XXIII, então seguindo esse raciocínio, em
1845, não houve culto ecumênico em Petrópolis. Tivemos sim, em 29 de Junho de
1846, um ano depois, um culto católico, ou seja, uma missa, presidida pelo Monsenhor
Caetano Bedini, na então Praça Coblenz, atualmente, os jardins do Palácio de
Cristal. Na qual católicos e alguns protestantes, com a presença de suas
Majestades D. Pedro II e D Teresa Cristina, o Mordomo da Casa Imperial Paulo
Barbosa e o Major Júlio Frederico Koeler, participaram da celebração
eucarística e ouviram o seguinte sermão do Núncio Apostólico:
“...
Eu vos conjuro em nome da religião, e até no daquelas inocentes criaturas (os
vossos filhos), para que não os mandeis a escola protestante, se vos importa
conservá-los na vossa fé, e ficardes vós sossegados e consolados em vossas
consciências... Conservai a fé, esse tesouro, o único que convosco trouxestes
da vossa cara pátria. Conservai-o com virtude , energia, Constancia e amor
igual às dos caros irmãos que lá deixastes, que não cessam das virtudes
cristãs. Ah! Meus irmãos, não tenho palavras que bastem para recomendar-vos uma
vida santa, em tudo conforme aos princípios da vossa religião; e o meu coração
geme amargamente quando sabe que vós ou com delitos ou com desordens a
manchais... Que direi da desenfreada licença com que alguns de vós abandonam à
dança no momento, em que a mão de Deus vos fere com desventuras, misérias e
provações, as mais penosas? Tal procedimento, meus irmãos, meus irmãos, vos
degrada e vos atraiçoa; e na verdade, como podereis manter-vos na simplicidade
e na inocência dos costumes, que é o mérito principal da vossa laboriosa
condição: Como induzireis os outros a crer que o vosso estado é pobre e falto
de consolações?... Vós enquanto os vosso guias tratam da vossa sorte com as
autoridades competentes, ao passo que eu me canso para que vos não faltem os
socorros temporais e espirituais, vos abandonais à intemperança do divertimento
e às seduções do vício... Estou aflito, eu o repito, no fundo da alma, e vos
peço e conjuro a viver modesta, resignada e virtuosamente, a evitar que as
fadigas a que por vós m entrego não percam o seu mérito, retribuindo-as com uma
vida conforme aos meus conselhos e insinuações. Sei também que existe entre vós
outro motivo de escândalo e de pungente aflição para o meu coração. Alguns dos
católicos se tem unido em matrimonio pelo ministério do pastor protestante,
isto não obstante a minha expressa proibição, não obstante a nulidade do
Sacramento a que se expõem, não obstante o pecado grave a que com tal não
podeis esperar que aos católicos possa dar verdadeiro e eficaz benção quem não
seja Padre católico e quem não tenha em si a santidade e a legitimidade do
ministério sacerdotal... Qualquer dos católicos que quiser casar-se, ou espere
que venha aqui, como tenciono fazer de vem em quando, e eu mesmo o abençoarei
em nome do Sehor, ou se um legítima necessidade tornar urgente o negócio me
procurei na Côrte, apresente-me os papéis em regra das oportunas premissas, e
na minha mesma capela conseguirá a católica e legítima benção, correndo por
minha conta toda a despesa de viagem, e a indenização pela interrupção do
trabalho, a fim de que nada se oponha à paz das consciências, à segurança da fé
e à salvação das almas...”
Após ler esse sermão fica claro, que não houve
culto ecumênico em Petrópolis, mas sim uma missa, presidida por sacerdote
católico, na qual se mostra muito preocupado com fé Católica dos colonos
germânicos da Colônia e que se põem pleno dispor de ajudar aos imigrantes na
nova terra que os abrigava.
Desenho de Otto Reimarus, retratando a Praça Coblenz, no canto esquerdo da reprodução podemos ver uma cruz erguida no local aonde foi realizada a primeira missa em Petrópolis.
BIBLIOGRAFIA:
DEISTER, Jorge C. Primeira Missa em Petrópolis. In Revista Ação. pp. 132, 133 e 134 - Junho
de 1949.
Imagem - Acervo Museu Imperial